Em um ano de limpeza, foram retiradas 30 mil toneladas de areia, lixo e detritos que entupiam o Arroio Dilúvio, em Porto Alegre. Para se ter uma idéia da imundície, é necessário um comboio de 1.112 carretas - de cinco eixos cada - para transportar a montanha de sujeira.
Faz um ano que o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) começou a dragar o Arroio Dilúvio, nos 12 quilômetros em que rasga Porto Alegre ao longo da Avenida Ipiranga. O diretor-geral do DEP, Ernesto da Cruz Teixeira, anuncia que serão precisos mais 12 meses de faxina, com inevitáveis transtornos ao trânsito da Capital.
Ontem, a draga operava na esquina das avenidas Ipiranga e Erico Verissimo. Monturos de areia são deixados às margens do arroio, por alguns dias, para que o sol elimine os microorganismos. Depois, serão removidos para áreas de aterro.
O diretor do DEP não lembra quando o Dilúvio passou por uma dragagem total, expondo inclusive o leito, como agora. A última limpeza, parcial, ocorreu em 2000. Já havia ilhas, compactadas pelo tempo, especialmente no trecho entre o ginásio da Brigada Militar e a Rua Santa Cecília, o mais sujeito a transbordar em caso de chuva intensa.
Pobres e ricos usam o leito como lixeiraHavia de tudo entre as 30 mil toneladas que asfixiavam o Dilúvio: fogões velhos, sofás, garrafas plásticas, sapatos, pneus, tapetes, até uma máquina de lavar roupa. Mas as equipes do DEP notaram que o costume de transformar o arroio em lixeira não é apenas dos mais pobres. Também encontraram garrafas de uísque envelhecido por 12 anos e rodas de liga leve de automóveis de luxo sob as águas.
- Não se imaginava que teria tanto lixo - espanta-se Teixeira.
A dragagem deverá ser concluída na foz com o Guaíba, que está bastante assoreada. Pequenos desvios no trânsito continuarão ocorrendo em partes da Ipiranga, possivelmente até setembro de 2008.
O DEP deverá gastar R$ 1,1 milhão para limpar o Dilúvio e mais 11 arroios da Capital. O diretor Teixeira alerta que outro córrego obstruído por dejetos é o valão da Vila Dique, na zona norte. A previsão é de tirar 24 mil toneladas de lixo.
Como cidade asseada não é aquela que mais se limpa, mas a que menos se emporcalha, o DEP criou um programa de educação ambiental em 60 escolas. Se o Dilúvio e outros forem cuidados, haverá menos despesas e mais saúde.
- Tentamos mostrar que as pessoas não devem poluir a água que vão beber depois - avisa Teixeira.
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Zero Hora, 04/09/2007)