Brasil defenderá criação de órgão ambiental em troca da concessão de verbas e transferência de tecnologia O Brasil apóia a criação de uma nova agência internacional para regulamentar e promover o desenvolvimento sustentável, sob o guarda-chuva da ONU, mas condiciona esse apoio à elevação do financiamento internacional e à maior tolerância com a poluição dos países em desenvolvimento.
A proposta foi apresentada pela França em julho, logo após a divulgação do último relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), e é o principal assunto em discussão por delegações de 22 países na Reunião Ministerial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, que começou ontem no Palácio do Itamaraty, no Rio.
“No caso brasileiro, não há resistência a criar um organismo, desde que possa internalizar recursos adicionais para os esforços dos países em desenvolvimento, bem como a transferência de tecnologia”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, depois de discursar na abertura da reunião.
Segundo ela, “é embaraçoso justificar para os cidadãos porque assumimos tantos compromissos, participamos de tantas reuniões e conferências, porque existem tantos organismos ambientais que tratam da questão e constatamos os alarmantes indicadores de degradação ambiental.”
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, aproveitou para reafirmar a posição da diplomacia brasileira, pela qual os países industrializados devem assumir a maior parte do ônus para reverter os problemas ambientais. “Os ricos podem mais. Eles que já lançaram mais emissões (sic) também têm que fazer mais. Mas devemos sair de uma postura defensiva sobre o tema ambiental para uma postura de fazer a nossa parte”, disse. “Mas cobrar mais ativamente que os outros façam a parte deles”, emendou.
MAIS BUROCRACIA
Um representante da delegação americana conversou com o Estado e disse que a posição dos EUA é contrária à criação da agência porque aumentaria a burocracia. Segundo ele, “o povo americano é orientado para resultados e eles não entendem por que devem mandar dinheiro para que dirigentes de outros países voem o mundo inteiro às custas da ONU para decidir onde os recursos serão aplicados”.
(Por Fabiana Cimieri
, O Estado de S.Paulo, 04/09/2007)