Os movimentos sociais que organizam uma campanha pela reestatização da Companhia Vale do Rio Doce iniciaram a semana espalhando pelo menos 4 mil urnas nesta segunda-feira (03/09) pelo país. A campanha A Vale é Nossa quer anular a privatização da empresa, realizada em 1997, alegando que a empresa foi vendida por um preço irrisório. A campanha começou no final de semana e segue até 7 de setembro recolhendo votos para uma consulta popular em que as pessoas vão dizer se defendem ou não a reestatização.
Os comitês da campanha estão distribuindo urnas em locais públicos com grande movimentação de pessoas, como rodoviárias, shoppings, metrôs e universidades.
Em Manaus, são outras 238 urnas. “Estamos fazendo a divulgação utilizando carros de som e em rádio comunitárias. E, para nossa surpresa as pessoas estão participando muito. Está muito empolgante, a gente chegou a pensar que o movimento não pegava”, afirma Francy Júnior, articuladora da campanha no Amazonas.
No Rio Grande do Sul, foram distribuídas cerca de 3 mil urnas em todo o estado. Há urnas itinerantes em escolas públicas, hospitais e locais de grande circulação e urnas fixas em todas as faculdade públicas do estado. Mas a divulgação dos locais é difícil, segundo Ismar Borges, coordenador da campanha no Rio Grande do Sul. “A propaganda está sendo feita boca-a-boca. Não temos como fazer propaganda, a imprensa está boicotando esse movimento”, conta.
Em Brasília, há 135 urnas espalhadas pela cidade. Estão localizadas em locais públicos, como a Rodoviária do Plano Piloto e a Universidade de Brasília (UnB). Na capital paulista, há até o momento 79 urnas espalhadas principalmente por igrejas, segundo os organizadores.
Em Salvador, há 39 urnas nas universidades federais e na Praça da Inglaterra. Outras 500 urnas estão espalhadas pelo estado do Rio de Janeiro. A principal está no Largo da Carioca.
É o terceiro plebiscito popular organizado por movimentos sociais no Brasil. Seis milhões de brasileiros votaram na consulta sobre dívida externa, em 2000, e 10 milhões votaram na consulta sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em 2002.
Procurada pela Agência Brasil, a Vale do Rio Doce afirmou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não vai se manifestar sobre a venda da empresa. Também não quis se manifestar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), responsável pelo Programa Nacional de Desestatização, no qual a Vale foi privatizada. As organizações sociais que defendem a reestatização da empresa produziram três vídeos sobre a campanha que estão na página eletrônica You Tube.
(Por Grazielle Machado e Daniel Merli,
Agência Brasil, 03/09/2007)