O período de estiagem deste ano está sendo atípico. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (03/09) pelo coordenador nacional do Sistema de Controle de Incêndios do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Prevfogo/Ibama), Elmo Monteiro.
De acordo com ele, o tempo seco, as altas temperaturas e a ação dos ventos fortes contribuem ainda mais para as queimadas nas unidades de preservação ambiental. Há duas semanas, o Parque Nacional de Brasília teve 11,3 mil hectares destruídos pelo fogo, o equivalente a 11 mil campos de futebol.
Monteiro disse que a recuperação do cerrado pode demorar. “A vegetação rasteira se recupera rápido. Quando começarem as chuvas, ela vai ficar verde de novo. Já a recuperação das árvores pode levar décadas.” Outro prejuízo é a mortes de animais do cerrado. Muitos já foram encontrados carbonizados. Entre eles, havia antas, tamanduás-bandeira e veados campeiros. “Quando começarmos o inventário, teremos uma perspectiva maior dos danos ambientais”.
De junho a setembro deste ano, foram detectados mais de 21 mil focos de incêndio, enquanto, no mesmo período de 2006, eram 15, 5 mil. Segundo Monteiro, o Prevfogo faz um trabalho contínuo de formação de brigadistas e de combate ao fogo. “Os brigadistas fazem um trabalho de prevenção contra as queimadas. Ensinamos às pessoas como lidar com a situação para evitar desastres.”
Monteiro destacou que as queimadas para limpar o pasto e o terreno para plantação estão entre as principais causas dos grandes acidentes ambientais. Recentemente, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e da Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, foram atingidos por essa prática que foge do controle dos proprietários da terra.
As queimadas não são, entretanto, as únicas causas de acidentes. “Infelizmente, ainda temos casos de crime ambiental. No Parque Nacional da Serra do Cipó [em Minas Gerais], um homem ateava fogo a cada dois quilômetros. Não vamos desistir de formar um sociedade mais sensível com o meio ambiente”, afirmou o coordenador.
Com a chegada da primavera (21 de setembro), a tendência é o clima seco e as altas temperaturas saírem de cena para dar lugar a um clima mais ameno. “É preciso total vigilância. Neste mês, venta bastante e ainda está seco. São dois fatores negativos permanentes, que nos colocarão em alerta máximo até outubro, quando chegam as chuvas.”
(Por Felipe Linhares, Agência Brasil, 03/09/2007)