A demora na adoção de normas ambientais impede uma cooperação mais eficiente entre as nações para o desenvolvimento sustentável, disse nesta segunda-feira (03/09) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Segundo ele, é preciso haver um novo impulso político para que se alcance uma efetiva cooperação internacional em relação à Convenção sobre Mudanças do Clima e ao Protocolo de Kyoto.
“Serão necessários esforços adicionais de todos os países. O aumento da evidência científica sobre mudança do clima sublinha a necessidade de medidas eficazes e urgentes”, afirmou o ministro durante encontro que reúne, no Rio de Janeiro, ministros de Meio Ambiente e Relações Exteriores de 22 países. Eles discutem o aperfeiçoamento na governança ambiental internacional.
Amorim avalia que o aprofundamento das assimetrias no sistema internacional também gera dificuldades para o cumprimento de acordos na área ambiental, e que este é o momento para “explorar passos mais ousados em matéria institucional”. O ministro defendeu a criação de uma nova organização ou agência no sistema das Nações Unidas, baseada nos pilares ambiental, econômico e social. Segundo ele, essa nova organização teria responsabilidades normativas, de cooperação e de financiamento, considerando as necessidades específicas dos países em desenvolvimento, sobretudo no continente africano.
Amorim destacou iniciativas brasileiras que contribuem para o desenvolvimento sustentável, como o monitoramento por satélite do processo de desmatamento, através de uma parceria com a China. Segundo ele, essa medida foi fundamental para reduzir em cerca de 70% os índices de desmatamento nos últimos três anos.
O ministro citou, ainda, o esforço do país para promover o uso de fontes de energia limpa e renovável, especialmente o biocombustível. “O Brasil não tem poupado esforços na difusão dos benefícios que os biocombustíveis podem trazer”, ressaltou.
Ele também destacou que a participação do Ministério das Relações Exteriores no evento mostra envolvimento do governo brasileiro com o que, segundo ele, é uma “questão de Estado”. “Não é uma preocupação só dos ambientalistas. Diz respeito a todo o desenvolvimento e é, portanto, uma questão maior dentro do plano das nossas relações internacionais”.
(Por Thais Leitão, Agência Brasil, 03/09/2007)