Começou sábado (01/09), em todos os 27 estados brasileiros, a votação do terceiro Plebiscito Popular do país. A sociedade deverá responder à pergunta: Em 1997, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) - patrimônio construído pelo povo brasileiro - foi fraudulentamente privatizada, ação que o governo e o poder judiciário podem anular. A Vale deve continuar nas mãos do capital privado?
São mais de 60 entidades, entre movimentos sociais, pastorais da igreja e juristas, envolvidos na votação que vai até o dia 07 de setembro - podendo estender-se até o dia 9- e levará para debate social ainda os temas do alto preço da energia elétrica, a reforma da previdência e a dívida externa e interna.
Urnas fixas e volantes estarão espalhadas por escolas, sindicatos, praças, universidades, lugares públicos de todo o país para receberem os votos. Em Goiânia, cincos urnas fixas estarão: no Centro Cultural Cara vídeo (rua 83, centro); na Casa da Juventude Pe. Burnier (Setor Universitário); na CUT (Central Única dos Trabalhadores), Stiueg e CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Em São Paulo, o centro abrigará duas urnas: na Praça Ramos de Azevedo - das 09 às 17 horas; e no TRF 3a. região, na Avenida Paulista. Terão urnas ainda na zona leste: Centro Pastoral Belém; Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração; Paróquia São Benedito das Vitórias; Praça Nossa Senhora das Vitórias e Paróquia São Mateus Apóstolo. Na zona sul as urnas são na Cúria de Santo Amaro; CentroFrei Tito de Direitos Humanos; Casa de Solidariedade; JAMAC; e COVEP.
Na zona Norte haverá uma urna na paróquia Santa Cruz de Itaberaba e na zona Oeste no Largo da Batata e na Paróquia Nossa Senhora da Lapa. As estações de metrô de: Jabaquara, Conceição, Praça da Árvore, Tatuapé, Guaianazes, Santana, Parada Inglesa, Tucuruvi, Santa Cecília, Barra Funda, também receberão urnas.
Em Mossoró (no Rio Grande do Norte), as comunidades de PA Muluguzinho; Conjunto Nova Vida; Cordão de Sombra I; Cordão de Sombra II; Conjunto Vingt Rosado e Rádio Alternativa receberão urnas. A Base Petrobrás terá cinco urnas e outras cinco estarão espalhadas nos campi universitários. Bairros e igrejas também receberão urnas. Nas cidades de Apodi, Governador Dix-Sept-Rosado, Baraúnas, Assú, Janduís, Caraúbas, Upanema, Jucuri e Campo Grande terão pelo menos uma urna cada.
O comitê regional do Mato Grosso espera atingir inicialmente cerca de 120 mil votos. Só o Movimento dos Sem Terra (MST) trabalhará com 7,7 mil cédulas em assentamentos das regiões sul (Rondonópolis e adjacências), médio-norte (Tangará da Serra e região), sudoeste (Cáceres e região) e no município de Sinop (norte do estado). Na capital do estado, Cuiabá, três urnas estarão fixas nas principais praças da cidade: Ipiranga, República e Alencastro. Além de urnas em igrejas, sindicatos e universidades.
Na Paraíba, muitas cidades contarão com urnas. Ao todo, são 41. Em João Pessoa, os pontos principais serão o Parque Sólon de Lucena (Lagoa), o campus da Universidade Federal da Paraíba, o terminal de integração dos transportes coletivos. As urnas também estarão instaladas em escolas públicas, postos de saúde, e em outros equipamentos. O comitê paraibano também vai disponibilizar uma urna volante, que percorrerá praças e outros locais dos bairros mais afastados.
No centro do Rio de Janeiro haverá urnas no Saara, Praça Mauro Duarte, Cine Odeon, Cinelândia, Largo da Carioca, Central do Brasil e Praça XV e durante o Grito dos Excluídos (dia 07) uma urna estará na mobilização no Aterro do flamengo.
Para Rosilene Wansetto, coordenadora do Comitê Nacional de Campanha, as mobilizações para o Plebiscito superaram todas as expectativas: "nas últimas duas semanas, mesmo os Estados que estavam com pequena participação, intensificaram as discussões; e os movimentos sociais e as pastorais, que faltavam aderir à Campanha, começaram a se envolver".
Nos dois primeiros plebiscitos, sobre a Dívida Externa e em 2002 sobre o Acordo de Livre Comércio das Américas (ALCA), o número de votantes foi de 6 e 10 milhões, respectivamente. Cerca de 140 mil pessoas estiveram trabalhando, em 2002, como mobilizadores da discussão. O plebiscito deste ano já alcançou sua vitória: o debate sobre o leilão da Vale foi feito.
Rosilene disse que a própria campanha publicitária em TV da CVRD aponta isso. Eles estão tentando mostrar uma imagem positiva para o povo brasileiro. Mas, os debates do plebiscito estão permitindo que os movimentos sociais e a sociedade, como um todo, discutam a venda de um patrimônio que pertencia ao povo, sem consultá-lo, e a um preço muito abaixo do de mercado. Além de o leilão ter sido organizado com inúmeras irregularidades jurídicas.
Leia mais sobre as irregularidades da venda da Vale em:
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=29021
(Por Rebeca Cavalcante*,
Adital, 31/08/2007)
* Jornalista da Adital