Assinatura de 1 milhão de argentinos. O número grandioso tem propósitos ainda maiores: nacionalizar o petróleo e o gás no país, e assim, retomar a soberania energética perdida com as privatizações neoliberais. A campanha é promovida pela Federação de Trabalhadores da Energia da República Argentina (FeTERA), Auto-convocados pelo Petróleo e o Gás, Comissão pelo Centenário do Petróleo Argentino (Cocepa) e Movimento pela Recuperação da Energia Nacional Orientadora (Moreno).
Organizações sindicais, sociais, de direitos humanos e pessoas de todo o país podem aderir à Campanha. Como parte dela, no próximo 1º de setembro às 10 horas, será realizado o II Encontro Federal pela Recuperação do Petróleo e do Gás, no Anfiteatro da ATE Nacional, na cidade autônoma de Buenos Aires.
Os movimentos estão conscientes da necessidade de continuar na luta pela recuperação dos recursos naturais estratégicos, por isso "seguimos denunciando o aprofundamento da entrega do petróleo, através de leis que beneficiam os monopólios petroleiros experimentados na depredação e exibindo ao público os fios secretos de suas manobras, além de continuarmos levantando nossa voz na rua".
O governo de Néstor Kichner permitiu reprivatizar as concessões outorgadas por Carlos Menem, os contratos permitem que, em plena crise energética, as petroleiras possam explorar livremente o petróleo. O governo nacional passou o domínio de reservas para as províncias em sucessivos atos que corroboraram o voto pela provincialização que Néstor e Cristina Kirchner fizeram na reforma da constituição de 94. Nas mãos das províncias, as reservas, agora como emirados separados, negociarão com as corporações.
Durante o I Encontro Federal pela Recuperação do Petróleo e do Gás, realizado no ano passado, as organizações apresentaram pontos de luta: nacionalização integral do petróleo, do gás e de todos os recursos energéticos; reestatização da Repsol-YPF e Gás do Estado; anulação dos recentes convênios entre Enarsa e petroleiras; contra a prorrogação de contratos e anulação da licitação de áreas; suspensão imediata da exportação de gás e petróleo.
E ainda: o fim de legalizar o saqueio, com a anulação das normas que permitem às petroleiras sacar do país 70% das divisas por exportações; dizer não ao engano de uma pseudo-nacionalização via participação acionária privada ou estatal na Repsol-YPF; investigar todos as negociações petroleiras e gasificas; por uma integração energética latino-americana a partir de empresas estatais; dizer não à repressão e as perseguições contra os trabalhadores petroleiros e suas lutas.
Sobre a pseudo-nacionalização da YPF, Pino Solanas, presidente do MORENO, disse que não há nenhuma argentinização, há uma reprivatização da YPF "porque mais uma vez o governo nacional que tem autoridade para impedir semelhante venda, não o fez". Ele acrescentou que é necessário recuperar o petróleo e o gás para constituir uma grande petroleira nacional "porque é fonte de soberania, de independência para assegurar o serviço público, para assegurar que a energia: um direito humano, e um bem social e é necessário recuperar essa enorme renda de 15 bilhões de dólares anuais, que é o quanto se apropriam as petroleiras"
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Adital, 29/08/2007)