Os moradores da cidade de Córdoba, na Argentina, participaram, em 2 de setembro, de uma Consulta Popular onde opinarão se estão de acordo com o novo contrato com a empresa Aguas Cordobesas (Suez-Roggio). A Consulta Popular, que se realizará junto com as eleições gerais da Província, faz parte da luta da Comissão Popular pela Recuperação da Água por uma empresa de águas estatal, pública, comunitária, sob a gestão e controle de usuários e trabalhadores.
A Comissão Popular pela Recuperação da Água vem desenvolvendo, há alguns meses, a "Campanha el Otro No", na qual convoca a população de Córdoba a votar pelo "não" ao contrato de águas de Suez-Roggio. O documento "El Otro No" elaborado pela campanha foi difundido nos bairros e discutido com as diferentes organizações que participam da Comissão para enfrentar esta Consulta Popular e também dotar de conteúdo esse "Não", explicou Gustavo Spedale, da Comissão pela Água.
Segundo os organizadores da Campanha, "este é um ‘não’ para dizer que a água não é uma mercadoria, que a água é um bem comum, que a água é um direito básico para todas e para todos, que a água não pode ser privatizada sob nenhuma forma, pública-privada, nem cooperativa, nem nada disso".
Apesar de ser a convocante da Consulta, o documento afirma que não houve esforço da Instituição Municipal para instalar o tema. Conforme disse a Comissão, "não houve, a poucos dias da Consulta, uma campanha intensa por parte do Município para instruir aos cidadãos que possam emitir o voto com consciência, nem uma difusão do que é o contrato com Suez-Roggio realmente".
Para Spedale, este é um contrato absolutamente ruinoso para a Província de Córdoba. "Tal qual está firmado, já desde janeiro de 2008 tem aumentos insuportáveis para qualquer cidadão de Córdoba, como é o aumento entre 300 e 500%", disse. "Na renovação que fizeram no contrato do ano passado, tiraram dela um embargo correspondente a uma dívida de 8 milhões de dólares e transferiram para a Província. Nós vemos que aí está a questão", afirmou Spedale.
A Comissão Popular pela Recuperação da Água critica também a questão que será feita pela Consulta Popular. Segundo ela, a pergunta não garante que o serviço não passe a outras formas de privatização, como empresas mistas ou associações público-privadas. "A pergunta é bastante ambígua, já que não deixa claro o que se quer em relação a água, se a água é um direito humano ou uma mercadoria. A Comissão vai participar da Consulta para encarar o tema da água como um bem comum e direito humano", critica.
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Adital, 31/08/2007)