A luta contra a mineração une ambientalistas e defensores da Serra da Piedade, monumento natural de Minas Gerais, que fica entre os municípios de Caeté e Sabará, na Grande BH. Na tarde de sábado (01/09), integrantes do movimento SOS Piedade se encontraram no topo do maciço para discutir e buscar novos caminhos de ação, por causa de um relatório divulgado recentemente pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), que mostra riscos ao patrimônio da região devido a uma trinca na rocha, com possibilidade de desabamento.
Para tentar tranqüilizar moradores e os fiéis que lotam a Serra da Piedade, principalmente nos fins de semana e feriados – um dos mais concorridos é o 7 de Setembro –, o reitor do santuário, padre Marcos Antônio Gomes, disse que visitou a área de mineração, em companhia de técnicos do DNPM, e constatou que o problema está bem longe, “algo em torno de três quilômetros”, da igreja e do entorno tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1956. No templo, está a imagem de Nossa Senhora da piedade, padroeira do estado.
“O problema ocorre na área de mineração da Brumafer, que está no local há mais de três décadas”, explicou o reitor, que defende o fim de qualquer tipo de exploração minerária na região, e não uma troca de empresa para garantir a preservação, conforme recomendação do DNPM. Caminhando pela área considerada de importância paisagística, espiritual e ambiental, padre Marcos explicou que a mineração se torna cada vez mais nociva ao meio ambiente e ao acervo cultural.
Tratamento Integrante do SOS Piedade e presente à reunião, o coronel reformado da PM Jair Dias fez coro às palavras do padre: “Concordamos com o diagnóstico do DNPM, mas não com o tratamento”. Para ele, somente o fim da mineração favorecerá o meio ambiente. “Não somos técnicos e não temos como contestar o relatório oficial. A equipe do departamento trouxe informações que desconhecíamos. Mas não adianta alguém dizer que outra empresa é melhor, que vai recuperar a região e acabar com os danos que ocorrem aqui desde 1974”. Dias lembrou que os danos causados pela mineração são alvo de uma ação impetrada na Justiça pelo Ministério Público Federal.
(Por Gustavo Werneck,
Estado de Minas, 02/09/2007)