Grupo de trabalho vai discutir a viabilidade de tirar energia de bagaço e palha da cana.O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na sexta-feira (31/08) representantes da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). Os usineiros apresentaram uma proposta para viabilizar produção de energia elétrica com os restos do bagaço e da palha da cana.
“Nós acreditamos que se a regulação for feita adequadamente, o setor sucroalcooleiro tem condições de suprir a demanda necessária do governo em 2010 a 2012, que é em torno de 1.400 megawatts a 3.000 megawatts por ano”, disse o presidente da Unica, Marcos Jank, após o encontro.
Segundo Jank, para tornar a biomassa uma alternativa viável às fontes mais sujas de energia, como óleo combustível, carvão e nuclear, seria necessária uma reavaliação do preço, agilidade dos licenciamentos ambientais e acesso à rede de distribuição de energia. Hoje, o principal problema para transformar biomassa em energia elétrica é o alto custo da produção.
“Nós estamos, nesse momento, vendendo a (mesma produção) de energia de uma usina do tipo Angra 3. No próximo ano, teremos algo em torno de uma das usinas do Rio Madeira. E em 2012, poderemos produzir (energia parecida com) uma Itaipu no interior de São Paulo, Minas Gerais, Goiás ou no oeste mineiro”, disse o representante da Unica.
A usina de Angra 3, em estudo pelo governo, teria capacidade para produzir pouco menos de 1.400 MW. As duas usinas que formam o Complexo do Madeira, Santo Antonio e Jirau, tem capacidade de juntas gerar 6.500 MW.
O presidente Lula determinou a criação de um grupo de trabalho para analisar se a biomassa é viável. A avaliação de setores do governo é que ela é uma fonte de energia muito cara, portanto, impraticável.
Questões trabalhistas Diante de acusações dos trabalhadores nas lavouras de cana sobre más condições que enfrentam e salários baixos recebidos, Jank negou o fato e disse que a Unica trabalha para levar carteira assinada a 100% dos chamados bóias-frias.
“Queremos buscar a eliminação da terceirização do corte de cana manual. Em São Paulo, 95% já trabalham com carteira assinada. No Centro Sul, isso chega a mais de 80%. Queremos chegar a 100% dos trabalhadores”, disse Jank.
O presidente Lula também propôs a discussão da questão trabalhista em um grupo de trabalho.
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G1, 31/08/2007)