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transgênicos
2007-09-03
Alguns alimentos apresentam produtos modificados geneticamente, mas sem informação, consumidor não os identifica

Sem saber, o bauruense pode estar consumindo alimentos modificados geneticamente, os chamados transgênicos, já há algum tempo. Eles estão entre nós e nem sempre é possível notar sua presença nas prateleiras dos supermercados.

De acordo com determinação do governo federal, os produtos com material genético alterado devem circular com uma identificação especial. Todos deverão ter impresso na embalagem um selo triangular com a letra “T”. Para facilitar a visualização, nas embalagens coloridas o símbolo será amarelo com a borda e a letra “T” pretas. Nas embalagens em preto-e-branco, o fundo pode ser branco. O selo vale tanto para alimentos destinados ao consumo humano como ao de animais com pelo menos 1% de organismos geneticamente modificados (OGMs).

Apesar da recomendação, tanto o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) quanto ambientalistas já denunciaram em várias ocasiões que alimentos industrializados à venda no País possuem OGMs importados entre seus ingredientes.

De acordo com a nutricionista Sylvia Tosi, “nós já comemos soja e outros alimentos transgênicos há muito tempo”. A afirmação é reforçada pelo professor titular de genética Jehud Bortolozzi, do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru. “Hoje, estamos comendo muita coisa transgênica sem saber porque, na maioria dos casos, os produtos não trazem nada escrito (sobre a procedência) na embalagem.”

A rotulagem é uma reivindicação das organizações não-governamentais (ONGs), mas está sendo aplicada contra a vontade da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia). A entidade alega que o uso do selo seria uma propaganda negativa para os alimentos. Segundo ela, o tipo de selo escolhido pelo governo - de fundo amarelo e preto - geralmente é usado em placas de advertência e “perigo”. Mesmo contrariando a vontade da Abia, a obrigatoriedade do selo continua em vigor, segundo informou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

No caso dos alimentos industrializados que estão à venda e que, segundo as ONGs, têm transgênicos em sua composição, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) alega que são de produtos liberados para consumo pela Anvisa.

Para ficar

Organizações ambientalistas defendem maior rigidez em relação a esses produtos ou até seu banimento, alegando que poderiam prejudicar os consumidores e afetar o meio ambiente. No entanto, estudos realizados em todo mundo há quase uma década não confirmam o perigo.

De acordo com o biólogo Marcelo Menossi, coordenador do Laboratório de Genoma Funcional da Unicamp, não existe nenhum estudo que aponte problemas decorrentes do uso e do consumo de alimentos transgênicos. Ele lembra que nos Estados Unidos esses produtos são comercializados há muito tempo sem que nada de errado tenha sido verificado até o momento.

“Mesmo depois de toda a polêmica que criaram em torno dos transgênicos, não tem nenhum trabalho científico que prove que eles fazem mal à saúde”, reforça o professor Bortolozzi, que acredita que os alimentos transgênicos vieram para ficar. “A tendência é que outros produtos sejam liberados.”

Sem controle

Ainda não se sabe ao certo quais e quantos produtos possuem ingredientes modificados geneticamente. Nem mesmo os supermercados tem esse controle. Kosilek Ferraz, 34 anos, coordenador do setor de mercearia de uma rede de supermercados em Bauru, diz que é comum clientes perguntarem se determinado produto têm ingredientes transgênicos. No entanto, encontrar respostas para esses questionamentos não é nada fácil. “Se não tem o aviso na embalagem, fica impossível saber”, revela ele.

Em 2003, o Greenpeace Brasil e o Idec solicitaram análise de produtos brasileiros em laboratórios europeus. Em 11 lotes de produtos vendidos no Brasil foram encontrados soja e milho transgênicos. Por causa do medo dos consumidores, algumas empresas de alimentos já exibem na embalagem um selo com o aviso de que seu produto não contém transgênicos.

Consumidor não sabe identificar selo
A maioria das pessoas desconhece que a embalagem de alimentos transgênicos traz um triângulo com a letra T

Consumidores ouvidos pelo Jornal da Cidade enquanto faziam compras em supermercados de Bauru mostraram total desconhecimento a respeito do selo que indica se um produto tem ingredientes geneticamente modificados. Eles dizem nunca terem visto o tal selo. A maioria, no entanto, sabe o que é um alimento transgênico, mas se divide entre comprar e não comprar.

“São produtos modificados geneticamente para ficarem mais resistentes a pragas, para aumentar a produção e reduzir o preço”, diz o aposentado Osvaldo Perri, 59 anos. Ele revela que nunca viu um selo alertando se determinado produto era transgênico ou não. “Não costumo olhar o que está escrito na embalagem. Às vezes, posso ter levado e nem percebi.”

Para ele, o mais importante é saber o preço e se o produto tem qualidade. “São essas duas coisas que levo em consideração. Não tenho nenhuma restrição em comprar um alimento transgênico”, afirma o consumidor.

A professora universitária Lia Grego Muniz de Araújo, 31 anos, também sabe definir o que é um produto transgênico, mas não tem tanta segurança sobre seus efeitos. “Eu teria receio de comprar se soubesse que um produto tem ingredientes transgênicos”, revela.

Mesmo que visse o selo dos transgênicos na embalagem, Lia não saberia do que se trata. “Eu nunca vi (o triângulo com a letra “T” no centro), mas se tivesse visto não saberia o significado”, comenta ela. A pedagoga Dalila Sandra, 49 anos, também nunca ouviu falar do tal selo e não saberia identificá-lo se o visse em alguma embalagem.

Apesar de todo esse desconhecimento, a nutricionista Sylvia Tosi diz que não há motivo para alarde. “Atrás dessa polêmica existe muita pesquisa, e até agora nada grave foi descoberto”, enfatiza.

O biólogo Marcelo Menossi, do Departamento de Genética e Evolução da Unicamp, vai mais longe. “O consumidor pode ficar absolutamente tranqüilo. Já foi comprovado que nutricionalmente os alimentos transgênicos não ficam devendo nada aos tradicionais”, garante.

Ele acredita que dentro de cinco anos haverá mais plantações transgênicas e, conseqüentemente, uma oferta maior de alimentos geneticamente modificados nas prateleiras dos supermercados. Entre os benefícios apontados pelo biólogo está o uso de menos agrotóxicos nas lavouras, o que poderá refletir positivamente no meio ambiente e no custo da produção.

Sylvia Tosi cita uma pesquisa que está sendo feita para o enriquecimento do arroz com betacaroteno – molécula capaz de se transformar em vitamina A. Uma equipe da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) está estudando uma espécie de feijão transgênico resistente à seca, que poderá ser cultivado por pequenos produtores do semi-árido nordestino.

O professor Jehud Bortolozzi, do Departamento de Ciências Biológicas da Unesp, é mais enfático e otimista em suas previsões. “O alimento transgênico é a salvação da humanidade na questão da fome”, aposta ele, que cita ainda melhoramentos que podem ser feitos por meio das modificações genéticas. “Antes, tínhamos de comer a goiaba ainda verde porque se esperasse ficar madura criava bicho. Hoje, é possível comprar goiaba madura sem bicho”, lembra.

Para Bortolozzi, é difícil saber aonde vão parar as pesquisas sobre alimentos transgênicos. Mas de uma coisa ele está certo: “Não podemos podar o progresso da ciência. Temos de deixar os cientistas trabalharem”, sugere.

(Por Adilson Camargo, Jornal da Cidade de Bauru, 03/09/2007)

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