Pequenos agricultores da região de Soriano, no Uruguai, denunciam que os plantios de eucalipto em larga escala têm secado córregos, poços e riachos locais. De acordo com o Movimento dos Agricultores da Região de Mercedes, cerca de 150 famílias, entre produtores e moradores, são afetadas diretamente pela falta de água. O agricultor Washigton Lockhart, integrante da organização camponesa, relata que a seca de poços iniciou na década de 90, mas tem se agravado nos últimos cinco anos na região. Ele relata que, hoje, cinco municípios estão em situação de emergência no departamento de Soriano.
Segundo Lockhart, “o primeiro impacto depois do início das plantações foi a falta de água, que afetou muita gente, e depois a migração de empresas estrangeiras para a região. A conseqüência disso tudo, diz o agricultor, foi a concentração da terra e o êxodo de pequenos produtores e populações locais para as grandes cidades.
Lockhart conta que as famílias atingidas pela seca recebem, diariamente, água das prefeituras municipais, por meio de caminhões-pipa. Ao todo, os governos carregam 25 mil litros de água para a população. No entanto, o agricultor alerta que muitas vezes a água é deixada em recipientes utilizados pelas famílias na agricultura, podendo conter vestígios de agrotóxicos.
Os agricultores realizam protestos na região desde 2004, mas até o momento as autoridades locais não tomaram nenhuma atitude. Soriano fica ao lado do departamento de Rio Negro, onde a papeleira Botnia está construindo mais uma fábrica de celulose, motivo de crises diplomáticas com o país vizinho, Argentina. Os dois departamentos são banhados pelo rio Uruguai. Atualmente no Uruguai existem mais de 600 mil hectares de plantio de pínus e eucalipto.
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Envolverde/Agência Chasque, 31/08/2007)