A região sul do Tocantins possui um grande potencial para o desenvolvimento local sustentável, o que se expressa através de sua rica biodiversidade e do grande número de comunidades de agricultores familiares e comunidades indígenas que trabalham enfocando a segurança alimentar e economia solidária. Todavia para que a região cada vez mais se desenvolva é necessário o direcionamento de políticas públicas que consolidem o desenvolvimento em curso.
Infelizmente não é o que acontece e mais uma vez assistimos o governo, conjuntamente com o setor empresarial e lideranças políticas, propondo uma obra de infra-estrutura, a BR 242, conhecida também por Transbananal, que pretende interligar os estados de Mato Grosso e Tocantins. Esta obra em nada contribui com as comunidades locais, pois o objetivo da mesma é transportar a produção de soja do Mato Grosso para São Roque (BA), e de lá exportá-la para Europa e Estados Unidos.
A BR 242 é parte integrante da proposta de estruturação de uma grande rede de transporte multimodal (rodovia, ferrovia, hidrovia) que tem por objetivo final a exportação dos produtos do agronegócio brasileiro. Este modelo, historicamente comprovou ser um dos principais fatores da concentração de renda (1% da população brasileira controla 53% da riqueza nacional), expulsão dos agricultores familiares de suas terras (aproximadamente 60 mil famílias de agricultores familiares são expulsos a cada ano), superpopulação das cidades (tendo como conseqüência a fome, violência, prostituição, etc).
A estrada cortará a Ilha do Bananal, maior ilha fluvial do mundo, que abriga o Parque Nacional do Araguaia, o Parque Indígena do Araguaia e a Terra Indígena Iny-Webohona, ferindo o direito dos povos indígenas à integridade de seu território, causando irreversíveis impactos ambientais e sócio-culturais, razão pela qual se torna inconstitucional.
Considerando os argumentos destacados acima o "Fórum de Lideranças da região sul do Estado do Tocantins" posiciona-se totalmente contrário a esta obra, exigindo dos órgãos responsáveis uma atuação comprometida com os direitos da sociedade e chamando a população tocantinense para que avalie atentamente as conseqüências que a mesma possa acarretar.
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Conselho Indigenista Missionário, 27/08/2007)