Quatorze projetos catarinenses de pesquisa voltados a minimizar o impacto das atividades humanas na mudança climática foram aprovados para receber financiamento de um milhão de reais da Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa Catarina (Fapesc).
Entre os projetos selecionados está um que visa a valorizar a turfa – material de origem vegetal, parcialmente decomposto – existente no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, a maior unidade de conservação em território catarinense. As turfeiras são consideradas o terceiro maior reservatório de carbono do planeta. Sendo a estocagem do dióxido de carbono vista como uma das alternativas para mitigar o aquecimento global, também será avaliado o valor de mercado das turfeiras para efeitos de obtenção de créditos de carbono, ou seja, daqueles certificados emitidos quando se consegue reduzir a emissão dos gases que agravam o efeito estufa.
Também há um projeto que sugere o uso de resíduos florestais e industriais para desacelerar o aquecimento do planeta. Tais resíduos podem ser úteis inclusive para gerar energia térmica e elétrica, na região de Lages, onde a investigação será conduzida. Isso deve alavancar o progresso regional, pelo pionerismo esperado principalmente na produção de energias limpas. Os ganhos ambientais serão decorrentes da diminuição da quantidade de metano no ar e da redução do chorume (líquido gerado a partir de resíduos sólidos orgânicos) e produzido durante a biodegradação deste material. Outros fatores importantes serão os impactos sociais e econômicos resultantes do aumento de empregos necessários para coleta, tratamento e transporte do metano.
As pesquisas a serem realizadas no estado podem beneficiar o mundo como um todo. “A partir do momento que a tecnologia se torna pública, ela pode ser cadastrada no Comitê Internacional de Mudança Climática”, diz Adriana Dias, doutora em gestão ambiental e responsável pelo edital que resultou na seleção das 14 propostas. Aquelas que tiverem sua viabilidade comprovada, poderão ser enviadas à comissão nacional estabelecida a partir do Protocolo de Kyoto, firmado para diminuir em 5% a emissão dos gases estufa até 2012. O Brasil é um dos 10 países que mais poluem a atmosfera com gás carbônico e outras substâncias.
Santa Catarina produz diariamente 40 mil metros cúbicos de dejetos por causa da suinocultura, uma atividade tradicionalmente poluente quando feita sem tecnologia. Se estes dejetos forem tratados em biodigestores, podem ter reduzido seu impacto ambiental e até gerar créditos de carbono, segundo a bióloga Larisa Waskow, também da Fapesc.
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Envolverde/Assessoria, 30/08/2007)