Produtores rurais do sul do Amazonas exigiram nesta quinta-feira (30/08) mais atenção do poder público para as questões fundiárias que, segundo eles, impedem o desenvolvimento da atividade agrícola na região. As reclamações foram feitas no último dia de programação do 1º Encontro Estadual de Trabalhadores da Agricultura Familiar.
Conhecida como Rosa Sem Terra, a líder Saloni Santos de Barros, da Associação dos Produtores Rurais e Agroextrativistas do Projeto de Assentamento do Seringal Santo Antônio, localizada em Lábrea, disse que vive "numa área de conflitos de terras desde 2004".
Ela explicou que "lá existem grandes fazendeiros que desabrigam agricultores à força para ampliar suas terras" e informou que a associação tem 1,5 mil inscritos, à espera de serem assentados pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). "Nosso pedido é que o Incra faça a demarcação da área e legalize a situação dessas famílias", disse, ao lembrar que o instituto já "nos garantiu isso para este ano".
A região citada por Rosa Sem Terra é chamada de Gleba do Iquiri e fica a 700 quilômetros da capital, Manaus. De acordo com o Incra, são 37 mil hectares, dos quais 12 mil já foram arrecadados e serão utilizados para o assentamento de 126 famílias cadastradas.
No sul do estado, o cultivo de banana, café, arroz e feijão ganha destaque entre os produtores, mas a exploração madeireira é fonte de renda para os grandes empresários, com os quais há disputa de terras. A Secretaria de Produção Rural informou que a situação vem sendo acompanhada e que em maio já foi instalado, perto do acampamento, um escritório do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), para controle e apoio aos agricultores.
"A abertura da representação do Idam era uma reivindicação antiga das famílias que moram na região, isoladas e que não tinham a quem recorrer", disse o secretário Eron Bezerra.
Segundo o Incra, o processo para assentamento dos cadastrados já está em andamento e na semana passada foram liberados os créditos de R$ 942 mil.
(Por Amanda Mota,
Agência Brasil, 30/08/2007)