Países que investem na produção de biocombustíveis terão que garantir a sustentabilidade dos negócios para entrar no mercado da União Européia. A Comissão Européia trabalha na formulação de uma legislação que exigirá padrões mínimos de sustentabilidade para o desenvolvimento de biocombustíveis que deverá ser finalizado no final deste ano.
Como parte da estratégia no setor energético, a União Européia (UE) concordou em estabelecer que 10% dos combustíveis consumidos pelos automóveis do bloco até 2020 tenham origem biológica, o que demonstra a grande perspectiva deste mercado em expansão. Para suprir esse novo mercado estima-se que a indústria européia precisará de 59 milhões de toneladas de cereais --18% da produção interna - e ainda terá de importar 20% do biocombustível.
O Brasil vem investindo forte nesta área, buscando inclusive parcerias com países da América Central e México para facilitar a exportação para os Estados Unidos, por exemplo. Em uma visita ao México no início do mês, o presidente Lula afirmou que a produção de biocombustíveis permitirá uma melhor distribuição da riqueza no mundo, o que não se conseguiu com o petróleo. “Eu estou convencido de que será inexorável: o mundo vai se curvar à questão do biodiesel", afirmou Lula em junho.
Com a nova legislação européia, as coisas ficaram mais duras para potenciais exportadores, pois somente biocombustíveis produzidos com um mínimo de padrão de sustentabilidade poderão ser adquiridos pela UE. Somente combustíveis que alcançarem esses padrões, derivados de lixo orgânicos e restos de madeira por exemplo, serão elegíveis para a meta de 10% e isentos de imposto. As regras se aplicam tanto para importados quanto para produzidos domesticamente.
Recentemente, a Agência Internacional de Energia (AIE) estimou que a produção global de biocombustível irá dobrar dos níveis de 2006 para 1,75 milhão de barris diários em 2012. “Claro que é essencial garantir que o aumento seja conduzido de uma maneira sustentável, nós não podemos somente sentar e assumir que isso aconteça automaticamente”, disse o comissário europeu de energias, Andris Piebalgs, ao anunciar a medida em julho. Padrões atuais indicam que 60% das emissões de dióxido de carbono (CO2) na EU entre 2005 e 2020 virá dos transportes, segundo Piebalgs.
(Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil/
Envolverde, 30/08/2007)