O V Seminário Técnico-Científico de análise dos dados referentes ao desmatamento na Amazônia Legal, acontecido nos dias 14 e 15 de agosto, demonstrou uma desconcentração do desmatamento, agora pulverizado por mais de 300 municípios, ao contrário do que aconteceu em 2005, quando a maior parte do desmatamento concentrava-se em apenas 30 municípios.
Para Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a pulverização do desmatamento está ligada à menor rentabilidade do agronegócio. "A tendência é que haja desmatamento onde a lucratividade é maior".
Segundo o pesquisador, não é possível determinar alguma tendência com a pulverização do desmatamento. "Muitos são os fatores relacionados ao desmatamento: reforma agrária, subsídios para atividades econômicas, como a siderurgia". "Áreas de desmatamento maior são mais fáceis de ser detectadas. Nesse sentido, a pulverização representa mais um obstáculo ao trabalho dos órgãos de fiscalização", explica ele.
Barreto elogia o sistema de detecção em tempo real utilizado pelo governo. Mas propõe alternativas para combater o desmatamento. "Um esforço maior na punição dos desmatamentos já comprovados ajudaria a inibir a criação de novas áreas a serem desmatadas", enfatiza. De acordo com ele, há o risco do controle do desmatamento ficar atrelado ao nível de crescimento do agronegócio.
Números citados pelo pesquisador dimensionam a situação: "Com a desconcentração do desmatamento, o estoque de multas aplicadas deve chegar a 40 mil. Tão importante quanto o esforço de prevenção é a punição onde o desmatamento já foi comprovado. É preciso buscar soluções mais criativas e investir em mecanismos de controle, com a contratação de advogados para efetivar o pagamento das multas", finaliza.
PerspectivasFlávio Montiel, diretor de Proteção ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) explicou que a meta para 2007 é fazer com que o desmatamento não ultrapasse os 4 dígitos (9.900 km2) e ressaltou a importância das ações de fiscalização integrada, realizadas em parceria com outros órgãos federais.
Dados do Ibama estimam que 20% dos desmatamentos ocorreram em áreas de assentamento de reforma agrária. O desmatamento ilegal constitui 80% do total, ainda segundo a entidade.
(Por Charles Nisz,
Amazonia.org.br, 28/08/2007)