Porto Alegre (RS) - Cerca de 400 famílias estão acampadas em frente ao portão da Usina Hidrelétrica de Foz do Chapecó, em Águas do Chapecó, Santa Catarina, desde a manhã de segunda (27/08). Os pequenos agricultores querem marcar audiências com o governo e o consórcio responsável pela obra para discutir as indenizações das famílias atingidas. Eles também exigem um novo cronograma para o reassentamento dos moradores. O protesto impede a entrada e a saída de funcionários do canteiro de obras da usina.
O integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) da região, Mauro Brenm, afirma que as famílias irão permanecer no local até que sejam marcadas as audiências. Ele relata que a empresa não quer reconhecer todos os agricultores que estão sendo atingidos com a obra.
"A empresa já está instalada na região há sete meses, está construindo a obra a todo vapor, diz que irá começar a produzir energia em 2010, mas até o momento não deu quase nada de retorno às famílias. Nós queremos construir um cronograma social que tenha data para a compra de terras, quando a empresa irá reassentar as famílias e ver quem tem direito à indenização pela obra", diz.
Segundo levantamento do MAB, 3,5 mil famílias serão atingidas pela construção da barragem. No entanto, o Consórcio Foz do Chapecó reconhece apenas 2,4 mil famílias. Mauro ainda denuncia que a empresa negou o direito a ressarcimento de 60 famílias que tiveram de deixar suas casas para que fosse implementado o canteiro de obras.
Em nota lançada no final da tarde de segunda, o Consórcio Foz do Chapecó afirma que está cumprindo com o Termo de Compromisso que define os critérios para que uma família seja considerada como atingida. Também aponta que está em dia com os prazos de reassentamento dos moradores.
A construção da barragem de Foz do Chapecó é marcada pelo impasse no pagamento das indenizações e pela repressão aos protestos dos moradores atingidos. Desde que a implementação da usina foi anunciada, há mais de dois anos, que empresa e agricultores não chegaram a um acordo sobre o valor e o número de famílias a serem indenizadas. Além disso, a região ainda possui um histórico de ações de despejo violentos da polícia a mobilizações do MAB.
A usina Foz do Chapecó atinge 13 municípios do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, alcançando cerca de 114 comunidades rurais e do interior.
(Por Raquel Casiraghi,
Agencia Chasque, 27/08/2007)