Quando o incêndio parecia sob controle, na manhã de quarta-feira (29), na Floresta Estadual de Uaimií, em Ouro Preto, na Região Central de Minas, o fogo voltou e dois aviões do Instituto Estadual de Floresta (IEF) foram deslocados da base de Curvelo para a unidade de conservação. As aeronaves têm capacidade de 3 mil e 1,5 mil litros de água, para lançamento sobre as chamas. O fogo começou às 11h de terça-feira (28) e até quarta não havia sido controlado. À tarde, o combate aéreo foi interrompido, devido aos ventos fortes na região. Os trabalhos continuaram por terra.
Em Mariana, cidade próxima a Ouro Preto e a 115 quilômetros da capital, o Corpo de Bombeiros foi chamado para apagar um incêndio de grandes proporções em área da Companhia Vale do Rio Doce, mas a brigada da empresa não precisou de ajuda. Os bombeiros foram deslocados para um outro chamado de queimada, fora da área da mineradora, e conseguiram controlá-la.
De acordo com o IEF, já são 3.862 focos de incêndio detectados por satélite este ano em Minas, dos quais 2.034 somente este mês. Segundo o órgão, a alta temperatura, a baixa umidade relativa do ar e a falta de chuva são os principais fatores para o aumento das queimadas no estado, nos últimos dias.
Conforme o Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos (Simge) do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), a massa de ar seco posicionada sob o estado há mais de uma semana foi a principal causa dos 17% de umidade relativa do ar registrados na segunda-feira e da temperatura média de 30 graus. Ainda de acordo com o Simge, a falta de chuva este mês pode ter contribuído para o aumento dos focos de calor.
Somente nos últimos dias, 57 mil hectares de vegetação foram queimados nos parques nacionais em Minas. O Parque Nacional da Serra do Cipó perdeu 7 mil hectares de vegetação, na semana passada. Em Chapada Gaúcha, no Norte do estado, a 578 quilômetros da capital, o Parque Nacional Grande Sertão: Veredas, com 231 mil hectares, teve uma área de 50 mil hectares queimada, em 30 dias de incêndio. No do Caparaó, em Alto Caparaó, na Zona da Mata, e Sempre-Vivas, em Diamantina, na Região Central do estado, há registro de fogo há cinco dias.
Parte expressiva das unidades precisa de regularização fundiária, o que significa que fazendeiros e pequenos produtores rurais vivem dentro das áreas decretadas como parque, floresta, área de proteção ambiental, porque não houve desapropriação nem pagamento de indenizações. Essa presença irrregular facilita ações criminosas.
Terça-feira (28), o IEF conseguiu apagar dois incêndios: um no entorno do Parque Estadual do Ibitipoca, que começou domingo, e outro no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, em Miradouro, na Zona da Mata. A semana começou com incêndios também no Parque Estadual da Serra do Intendente, em Conceição do Mato Dentro, e no Parque Estadual do Pico do Itambé, em Santo Antônio do Itambé, ambos já controlados. Em muitos casos, os incêndios são causados por condições naturais, mas a hipótese de fogo criminoso não é descartada pelo IEF.
(Por Daniel Antunes, Estado de Minas, 30/08/2007)