Curitiba (PR) - Em todo o Brasil, a campanha A Vale é Nossa, pela nulidade do leilão da Companhia Vale do Rio Doce, chega ao principal momento na semana da Pátria, de 1 a 7 de Setembro, com a realização do Plebiscito Popular. No Paraná, as atividades iniciaram em julho, marcadas pela elaboração de materiais didáticos, reportagens e trabalho de formação em várias regiões do estado.
Em Curitiba, organizações como a Reped (Rede Popular de Estudantes de Direito) promoveram cursos de formação a partir das quatro questões do plebiscito. As questões se referem à venda da Vale do Rio Doce, ao projeto de Reforma da Previdência do governo federal, ao pagamento da dívida interna e o alto custo da energia elétrica.
Antônio Cezar Goulart, da direção nacional do movimento Consulta Popular, se diz surpreso com a reação positiva das pessoas em relação aos assuntos. "O positivo é o interesse das pessoas a partir dos debates da Vale, isso é nítido. Há uma desinformação, do modo geral, muito grande. Temos feito um debate em relação às dívidas, quase ninguém sabe muito sobre o Programa de Aceleração do Crescimento [PAC], inclusive entre os professores", diz.
A campanha paranaense foi organizada a partir de comitês instalados na capital, Curitiba, e em cidades-pólo, como Londrina, Maringá, Cascavel e Guarapuava. Agora, para o plebiscito, urnas estarão espalhadas em sindicatos, escolas e rodoviárias por todo o Estado. Em Curitiba, a população poderá votar também em urnas nos terminais de ônibus e na Boca Maldita, no centro da cidade.
Qualquer pessoa pode votar, desde que leve consigo um documento de identidade. Menores de 16 anos também votam, mas em urna separada. Os resultados da consulta serão divulgados até o dia 20 de Setembro. Para Goulart, a consulta sobre a Vale do Rio Doce significa a discussão de uma política de desenvolvimento para o Brasil.
"Mais do que o pequeno valor pelo qual a Vale foi vendida, estamos discutindo aqui uma nação soberana e autônoma. Tudo o que Vale representa é a soberania do país. tem coisas que não se vende, não se mensura o valor, porque delas depende o desenvolvimento do país. E no momento em que na divisão internacional do trabalho a América Latina cumpre o papel de fornecedora de matéria-prima, a Ásia com sua mão-de-obra barata e os capitais se acumulando nos países centrais, a Vale se torna uma empresa estratégica", argumenta.
A Companhia Vale do Rio Doce foi vendida em um leilão em 1997, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, por R$ 3,3 bilhões. Hoje, seu valor de mercado está avaliado em mais de R$ 200 bilhões.
(Por Pedro Carrano,
Agencia Chasque, 29/08/2007)