O diretor do Inventário Nacional de Gases Efeito Estufa do Ministério da Ciência e Tecnologia, Newton Paciornik, destacou que está em andamento a realização do segundo inventário de emissões e remoções de gases de efeito estufa em todo o país. Ele observou que o prazo para conclusão do estudo é dezembro de 2008, mas informou que está sendo feito um esforço para divulgação de um resultado preliminar até o final deste ano. O novo inventário, segundo Paciornik, utilizará metodologias mais detalhadas para reunir informações relativas aos setores mais importantes para o País, como o agropecuário.
Embora o estudo ainda esteja em andamento, Paciornik afirmou não haver dúvidas de que a emissão de gases está crescendo no Brasil. Ele lembrou, por exemplo, que, entre 1990 e 2005, a população cresceu 27% e o consumo de combustíveis fósseis 67%. Entre 1990 e 2003, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 35%. "Os resultados disso vão aparecer no inventário", apostou.
Diferenças na emissão
O coordenador-geral do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, enfatizou que os países desenvolvidos não estão reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa nas proporções necessárias e que as nações em desenvolvimento tendem a aumentá-las. Ele observou que, no Brasil, a emissão de gás carbônico pelas classes média e alta é comparada à dos países ricos, enquanto a população de baixa renda apresenta baixa emissão per capita.
Já o especialista em meio ambiente Fábio Feldmann destacou as diferenças regionais na emissão de gases de efeito estufa e defendeu a elaboração de inventários estaduais para verificar o perfil dessas emissões em cada local. Feldmann observou que o cenário em São Paulo, por exemplo, é diferente do da Amazônia. Ele destacou a importância dos inventários para a definição de políticas públicas e de estratégias de redução das emissões de gases de efeito estufa.
O climatologista Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, lembrou que as mudanças climáticas são "um fator a mais para acentuar as desigualdades sociais". Ele afirmou que, sob a ótica social, a região do Brasil mais vulnerável a essas mudanças é o Semi-Árido, que vai ficar mais seco, o que diminui a possibilidade de agricultura não irrigável.
(Por Luciana Mariz, Agência Câmara, 29/08/2007)