A Argentina reativará a extração de urânio após 12 anos sem atividades nas minas, motivada pela crescente demanda mundial e por um déficit local de energia, que neste ano atingiu duramente a indústria, afirmou na quarta-feira (29/08) o secretário argentino de mineração. O governo está dando andamento a um projeto que contempla a ativação de novas explorações e a reabertura de outras. A primeira será "Don Otto", na província de Salta.
"Maio é uma boa data de compromisso para extração de mineral de urânio na mina Don Otto, em Salta", disse à Reuters o ministro Jorge Mayoral. A mina, inativa durante 26 anos, produzirá cerca de 30 toneladas anuais de mineral de urânio. "Significa substituir a importação de mineral de urânio na ordem de 25 a 30 por cento da demanda atual que exigem as plantas núcleo-elétricas na Argentina (de cerca de 120 toneladas)", complementou.
A Argentina faz parte do seleto grupo de países que dominam a tecnologia de enriquecimento de urânio e que produzem combustível para alimentar reatores nucleares. O país deixou de produzir urânio em 1995, em meio a uma queda dos preços internacionais, e passou a depender das importações. Nos últimos anos, os preços do metal dispararam para cerca de 90 dólares por libra-peso e desataram uma febre pela sua exploração e, com os problemas de aquecimento global como pano de fundo, a energia atômica voltou para o primeiro plano.
A Argentina decidiu enfrentar sua crise, que durante o inverno reduziu a produção industrial pela metade, com um ambicioso plano que inclui a finalização de sua terceira central nuclear e a construção de uma quarta. Atualmente Argentina e Brasil são os únicos países da região que têm em marcha um programa desse tipo. Os maiores produtores mundiais de urânio são Canadá e Austrália.
(Por Karina Grazina,
Reuters, 29/08/2007)