O aumento dos níveis de dióxido de carbono está aumentando a invasão de arbustos nas planícies globais, uma tendência que poderá pôr em risco o uso destas terras como pasto de gado. A conclusão é de uma pesquisa divulgada na revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Os arbustos têm aumentado regularmente nesses locais tradicionais, desde as Grandes Planícies dos Estados Unidos até a Mongólia e o Cazaquistão, durante pelo menos dois séculos. Nos últimos 10 a 15 anos, os ecologistas têm associado a tendência a esse aumento aos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. A pesquisa apresenta a primeira evidência para o respaldo dessa teoria e sugere que esse tipo de condição do ambiente favorece os arbustos sobre o pasto nativo possivelmente porque as plantas podem usar melhor o CO2 para a fotossíntese.
Diante da projeção do forte aumento de dióxido de carbono para o fim do século, essa questão poderia ter sérias implicações para a administração dessas planícies, que cobrem cerca de 40% da superfície terrestre e são usadas geralmente para criar gado, indicaram os autores.
"A partir do momento em que os arbustos substituem as planícies, a qualidade da forragem da terra diminui e a terra se torna menos valiosa para a criação de gado", disse Jack Morgan, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, no Colorado. "As pessoas talvez tenham de considerar a mudança no uso da terra", acrescentou.
Experimento Para estudar a influência nos níveis de COºº2ºº na região semi-árida do Colorado (nordeste dos EUA), o serviço de pesquisa do Departamento de Agricultura estabeleceu uma estação experimental no nordeste de Fort Collins cercada por vidros. Nessa estação fechada, eles bombearam dióxido de carbono, duplicando a concentração desse gás, tentando simular as condições que, segundo alguns especialistas, serão comuns no fim do século.
Após cinco anos, foi registrada uma explosão no crescimento de um pequeno arbusto, denominado Artemisia frigida. O peso da planta, ou biomassa, havia se multiplicado 40 vezes, e sua cobertura, 20.
(Por Louise Daly,
France Presse, 28/08/2007)