O presidente Luiz Inácio Lula da Silva "exagera" ao comparar os usineiros com heróis, na opinião do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel dos Santos. "Na verdade, o governo tem feito uma propaganda muito levada pelos segmento dos patrões. O governo precisa rever o seu posicionamento para não continuar apenas abrindo mercado para o segmento produtor de etanol, com os trabalhadores pagando o pato nas condições miseráveis de trabalho de ainda existem", afirmou, em entrevista à imprensa, após encontro com Lula.
A Contag pediu que o governo federal crie um fórum permanente para discutir as condições de trabalho dos bóias-frias, como são conhecidos as pessoas que vivem de trabalho temporário na colheita de cana-de-açúcar.
O Ministério do Trabalho já recebeu uma proposta de criação de um piso salarial para os bóias-frias, como são conhecidos. A medida acabaria com o pagamento por produção, como é feito hoje. E reduziria os riscos de morte por fadiga, como casos denunciados pela Plataforma de Direitos Humanos, Econômicos, Sociais e Culturais, projeto criado em 2002, com apoio da Organização das Nações Unidas (ONU), para monitorar a implementação desses direitos no Brasil.
Dezessete bóias-frias morreram durante o exercício do trabalho desde 2004 somente na região de Ribeirão Preto, interior paulista, segundo levantamento da Pastoral do Migrante. O estudo de doutorado do biólogo Fernando Ferreira Carneiro, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aponta que os bóias-frias podem sofrer até duas vezes mais fome que os agricultores sem-terra.
(Por Carolina Pimentel,
Agência Brasil, 29/08/2007)