Projeto brasileiro pretende reaproveitar lixo orgânico para produção de energia.Reator de plasma deve estar em operação até o fim deste ano.Na onda da procura de novas formas de produzir energia a partir de fontes renováveis e sem prejudicar o meio-ambiente, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) criaram o modelo de um reator de plasma capaz de converter lixo urbano em energia elétrica. O equipamento deve estar em operação até o fim deste ano e funcionará acoplado a uma turbina de gás e a um gerador, segundo informações da agência Fapesp.
Para obter a energia no reator, é utilizado plasma gasoso –- gás aquecido por descarga elétrica em temperaturas altíssimas -– para degradar e gaseificar o lixo utilizado e colocado dentro do equipamento. O processo já foi testado preliminarmente em outro equipamento do IPT.
“A energia do plasma gasoso é utilizada para transformar em gás os materiais volatilizáveis do lixo, que envolvem todos os resíduos que viram fumaça. Esse processo é controlado para a produção de um gás com alto poder calorífico, que será inserido em uma turbina”, afirmou Antonio Carlos da Cruz, pesquisador da Divisão de Mecânica e Eletricidade do IPT e um dos coordenadores do projeto, à agência Fapesp.
“Pelos nossos cálculos teóricos, sabemos que a energia gerada será suficiente para manter todo o processo em funcionamento”, disse Cruz. Não está descartada, entretanto, a possibilidade de geração de energia excedente. Segundo o pesquisador, os resíduos que não se tornarem gasosos, solidificando-se após sua remoção do reator, poderão ser utilizados na pavimentação de ruas e calçadas.
Ecologia“Se tudo der certo, esse processo permitirá que o lixo tenha uma destinação ecologicamente correta, ao se evitar que ele vá parar em aterros, e ainda gere energia para outros tipos de uso”, explicou. O projeto tem apoio da Fapesp através do programa Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (Pipe).
Os primeiros estudos a serem feitos no equipamento serão sobre a qualidade do gás produzido por ele. Com uma turbina a gás e um gerador que devem ser adquiridos através de um projeto de pesquisa, será possível estimar o poder calorífico dos resíduos do lixo e o excedente de energia a ser criado. Segundo Cruz, o plasma gasoso tem sido utilizado por grupos no Japão e na Alemanha para aplicações semelhantes. Porém, ainda não existe um modelo pronto do reator, assim como um domínio tecnológico da técnica.
Para que o processo possa ser bem aproveitado, o ideal é que haja uma integração com a coleta seletiva de lixo e separação de resíduos –- fazendo uma triagem, separando os materiais que poderiam ser aproveitados para reciclagem e mantendo os sem reaproveitamento para a geração de energia.
(
G1, 30/08/2007)