Milhares de pessoas convocadas por meio de mensagens via internet compareceram, na quarta-feira (29/08), em silêncio e vestidas de preto, à praça Sintagma de Atenas para expressar indignação contra os responsáveis pelos incêndios que devastaram a Grécia ao longo dos últimos seis dias. O fogo começou a diminuir nesta quarta-feira e os focos principais que ainda resistem estão na península do Peloponeso e na ilha de Eubea. Até ontem, 64 pessoas tinham morrido em razão dos incêndios.
Um imenso cartaz preto sem slogans foi colocado sobre as escadas que levam ao Parlamento, onde alguns manifestantes lamentavam as conseqüências do incêndio, que matou 64 pessoas. "É o único recurso que temos: protestar na rua. O próximo passo será jogar cinza nas urnas", disse Elefteria Kitsi, de 28 anos e funcionária pública.
"Vivemos um novo processo de deslocamento", afirmou a mãe de Elefteria, Penelope, de 58 anos. "Minha geração recebeu terras calcinadas depois da segunda guerra mundial e da guerra civil. Agora entregamos mais cinzas às novas gerações".
Mãe e filha se perguntavam se os incêndios no Mediterrâneo fazem parte de um plano de conspiração de especuladores de terra, uma hipótese que esteve presente em muitos blogs e e-mails repassados recentemente. Fontes oficiais informaram que seis mil pessoas compareceram ao protesto, número muito superior ao registrado em julho, quando ocorreu a primeira manifestação convocada por internautas contra o incêndio do monte Parnitha, próximo à capital.
Seis mil pessoas protestaram em AtenasMuitos cartazes com palavras de ordem encheram a praça. Uma das faixas dizia: "A política queima o país e nossas vidas. Os políticos devem ir para casa". Filipos Kamburis, de 27 anos e presidente da ONG grega "Amo a Vida" disse que a instituição pretende organizar "um dia de luto pelos mortos nos incêndios e pelas florestas queimadas para pressionar o governo a providenciar ações de reflorestamento e ajuda aos desabrigados".
Um grupo de jovens gritava: "Queimam a natureza em nome do desenvolvimento". Duas idosas, moradoras da ilha de Eubea - uma das regiões mais afetadas - se disseram aliviadas por não terem perdido nada nos incêndios. Afirmaram ainda que foram à manifestação "para saber por que queimaram as pessoas e as florestas".
Silvia Okalioga, de 48 anos, indicou que "queimaram a casa da antiga Grécia", em referência às chamas que quase consumiram o sítio arqueológico da Olímpia antiga. Diamantis Seitanidis, à frente de uma ONG, assegurou que há uma equipe disposta a ir até as áreas afetadas pelos incêndios, "para verificar se o governo está cumprindo com sua palavra e com a ajuda prevista aos desabrigados".
Segundo dados do Sistema Europeu de Incêndios Florestais da Comissão Européia, entre 24 e 26 de agosto foram queimados 183.987 hectares de florestas e terras de cultivos na Grécia. As regiões mais afetadas foram Peloponeso e a ilha de Eubea.
Os incêndios foram os piores já visto no paísSegundo dados do Sistema Europeu de Incêndios Florestais da Comissão Européia, entre 24 e 26 de agosto foram queimados 183.987 hectares de florestas e terras de cultivos na Grécia. As regiões mais afetadas foram Peloponeso e a ilha de Eubea. Somando a superfície queimada em julho e agosto, foram queimados, no total, 268.834 hectares, uma área de destruição sem precedentes na história da Grécia.
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Efe, 30/08/2007)