A aplicação de nitrogênio como fertilizante é um dos principais elementos na elevação da produtividade de plantações em larga escala. Por outro lado, é sabido também que o excesso de nitrogênio, atingindo o lençol freático ou sendo levado pelas chuvas até os cursos d'água, talvez seja o maior causador de impactos ambientais da agricultura intensiva.
Agora, um pesquisador australiano acaba de receber um prêmio internacional pelo desenvolvimento de uma nova técnica que poderá ajudar a resolver o problema. A diminuição da quantidade de nitrogênio aplicado às culturas é um exemplo clássico de jogo onde todos ganham: os custos de produção diminuem e o meio-ambiente agradece. O método clássico de aplicação de nitrogênio às culturas obedece a padrões fixos por hectare. Métodos alternativos, utilizados principalmente na Europa, alteram as quantidades de nitrogênio aplicadas de acordo com o rendimento das safras.
Nitrogênio na cultura da cana-de-açúcarMas, segundo o Dr. Peter Thorburn, do Instituto de Pesquisas CSIRO, na Austrália, apesar de ser um avanço digno de reconhecimento, essa técnica de aplicação balanceada também não é ideal, porque as quantidades de nitrogênio aplicadas são sempre estabelecidas a partir de níveis teóricos de produtividade, dificilmente alcançados pelos agricultores. O resultado é que o nitrogênio continua indo em excesso para o solo.
O problema do excesso de nitrogênio aplicado é ainda maior em culturas praticamente perenes, como a cana-de-açúcar. Safras seguidas são tratadas sempre da mesma forma, com os mesmos valores, agravando o problema do desperdício do fertilizante e da contaminação do meio-ambiente ano a ano.
Substituição do nitrogênioUtilizando equipamentos de espectroscopia de última geração, o Dr. Thorburn analisou a cana-de-açúcar colhida em diversos pontos da Austrália e em diversas safras. Com os dados ele desenvolveu uma metodologia de substituição do nitrogênio está mostrando resultados impressionantes. "Nossos testes iniciais indicam que esse método pode permitir aos agricultores diminuir seu uso de fertilizantes nitrogenados em uma média de 30 por cento com um efeito mínimo no rendimento da cana-de-açúcar," diz ele.
Do lado do meio-ambiente a diminuição é ainda maior, representando 80% menos nitrogênio atingindo os cursos d'água e o lençol freático. O trabalho do Dr. Thorburn (veja bibliografia abaixo) foi escolhido como o melhor artigo científico do ano pela Sociedade Internacional dos Técnicos em Cana-de-açúcar. Segundo o pesquisador, o método ainda precisará de mais testes de campo antes que possa ser difundido como prática recomendável.
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Inovação Tecnológica, 29/08/2007)