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economia solidária
2007-08-29
Vidas que transformam vidas. Sob essa crença, a organização não-governamental Visão Mundial mantém, desde 1950, um trabalho social com pessoas carentes de mais de 100 países. Inicialmente focada nas crianças, hoje o Visão Mundial atua em diferentes faixas etárias com o propósito de desenvolver projetos com famílias necessitadas até que elas criem seus próprios meios de sustentação.

No Brasil, a ONG está instalada desde 1975, quando começou a concentrar suas ações em crianças do Nordeste, Tocantins, Norte de Minas Gerais, Amazonas e de grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A atenção foi estendida à família da criança quando foi percebido que, ao chegarem em casa, meninos e meninas atendidos pelo projeto se deparavam com uma realidade muito diferente daquela vivida enquanto estavam dentro do projeto.

Foi assim que há seis anos foi dado início ao Programa de Comércio Solidário da Visão Mundial. O programa tem como missão promover esforços para que pequenos produtores e produtoras tenham um acesso justo aos mercados consumidores, o que possibilita a estas pessoas um meio de vida auto-sustentável. Para isso, o Comércio Solidário trabalha apoiando os pequenos produtores no desenvolvimento de produtos, comercialização, organização e articulação política na defesa dos direitos de pequenos produtores e produtoras.

Atualmente, cerca de 5 mil pessoas de 12 estados do Brasil recebem o apoio do projeto, desde a elaboração do produto até a sua comercialização. Os produtores são atendidos através de cinco linhas programáticas que estão divididas entre: "Arte Solidária", "Agricultura Sustentável", "Etiqueta Solidária", "Empresa Solidária" e "Promoção da Justiça".

Através da "Empresa Solidária", que leva o nome de Ética Comércio Solidário, a Visão Mundial, em parceria com mais outras quatro ONG’s, consegue comercializar os produtos de 100 grupos de pequenos produtores ligados ao programa. De acordo com a assessora técnica do programa, Juliane Montenegro, a criação da empresa abriu portas para que os produtores conseguissem chegar ao consumidor com mais facilidade e escoar seus produtos tanto para o mercado nacional como internacional.

Segundo ela, com o intermédio da empresa, os compradores ficam mais confiantes e adquirem produtos que não comprariam diretamente dos produtores pela dificuldade de emissão de notas e garantias formais, já que muitos grupos do programa não estão formalizados.

Essa é também uma das bandeiras de luta do programa, praticada através da linha "Promoção da Justiça", na qual a Visão Mundial realiza ações no campo da política com o objetivo de promover a consciência dos participantes quanto aos seus direitos, deveres e para a construção de um sistema de comércio mais justo.

Nas outras três linhas praticadas pelo programa ("Arte Solidária", "Agricultura Sustentável" e "Etiqueta Solidária"), que trabalham com artesanato, agricultura e confecção respectivamente, os produtores recebem o apoio nas seguintes etapas: diagnóstico produtivo-comercial; desenvolvimento de produtos, embalagens, marca, catálogo, etiqueta e logística; disseminação de informações sobre mercados; elaboração de preço e custo de produtos; capacitações; seminários e eventos.

Em seis anos de atuação, a rede de Comércio Solidário criado pela organização tem funcionado como um grande suporte ao foco maior da ONG que são as crianças, já que tem dado a pais e mães de famílias a possibilidade de se inserir no mercado de trabalho pautados no comércio justo e na ética. Além disso, segundo Juliane, hoje, 98% dos produtores atendidos pelo projeto ganham mais de um salário mínimo por mês com a comercialização dos seus produtos.

As matérias de Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

(Por Naara Vale*, Adital, 27/08/2007)
* Jornalista da Adital

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