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aquífero guarani
2007-08-29
Vale do Taquari - Quando menos se esperar é possível que surja a notícia de que o maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo, o Aqüífero Guarani, pode ser contaminado. E não se está falando da capacidade degradadora do ser humano, através de ações poluidoras. Isso pode ocorrer como resultado de um acidente de trânsito envolvendo caminhão, às margens da BR-386, tendo na carga qualquer tipo de substância perigosa.

A explicação é do professor da Univates Henrique Fensterseifer, que a justifica com a porosidade observada na parte do aqüífero que aflora em alguns municípios do Vale do Taquari, como Fazenda Vilanova, Bom Retiro do Sul, Taquari e Tabaí. "É muito poroso e qualquer líquido que virar sobre essa camada pode ser absorvida pelo solo, contaminando o manancial", explica. Ele acrescenta que o problema ambiental não se estende por toda a área, pois em algumas partes o sistema tem barreiras criadas pela natureza devido à erosão e às movimentações da terra. "Ele não é uma placa uniforme", conta.

Novos pontos em que o aqüífero é perceptível na superfície foram apresentados ontem, em viagem de estudo feita junto com o geólogo e professor Everaldo Ferreira e a promotora especializada de Estrela, Mônica Maranghelli de Ávila. Nos pontos em que há elevação nas laterais da pista da BR-386, por exemplo, Fensterseifer mostra que podem ser vistos e notados pela diferença de coloração e porosidade apresentada na superfície. Ao cavar, recolhe um pedaço do material, que logo se esfarela na mão sem que seja empregada muita força.

Extração
A necessidade de manter em bom estado as estradas faz com que os municípios procurem a extração de saibro e pedras. O professor Fensterseifer diz que esse é um mal necessário. "Uma via com saibro é a melhor que tem para se andar", afirma. O fato é que podem ignorar a questão ambiental e a necessidade de legislação. "É preciso licenciamento e saber se esse processo não vai danificar a vegetação nativa", enfatiza a promotora Mônica. A indicação, ressalta o professor, é que seja feita a remoção da capa de solo e depois a recomposição, incluindo o paisagismo.

A exploração desses espaços põe em exposição o sill ou soleira, formado por massa de rocha que algum dia foi consolidada com o resfriamento de magma derretido. Ocorre assim maior fluoração das águas superficiais ou próximas ao solo. Recentemente foi constatado o exagero de flúor em poços da região. A pedreira, em Bom Retiro do Sul, no Bairro Goiabeira, é um exemplo da exposição do sill. Ele fica sobre camadas de basalto, arenito, de um material com pré-arenito, batizado de "Conglomerado Bom Retiro", e a formação Santa Maria ou Rosário do Sul. Esta impede a passagem de substâncias e possíveis contaminações, destinando-as para o nível do rio.

Particularidades
As erosões e as movimentações a que a terra se submete fazem com que o aqüífero adquira algumas particularidades. Assim, na região serrana gaúcha ele pode estar a grande profundidade, superando os 500 metros. Fensterseifer conta que conforme segue para parte mais baixa ele fica próximo da superfície, chegando à exposição em alguns pontos a partir de Fazenda Vilanova, sentido Porto Alegre.

A falha geológica percebida no quilômetro 369 da BR-386 serve como uma ruptura e tem potencial como fonte de contaminação do manancial. Qualquer ocorrência que envolva o transporte de combustíveis ou agentes poluidores nas proximidades preocupa o professor. De acordo com a proporção pode atingir a camada do aqüífero, vencendo a parte superior.

Em algumas partes em que ele está exposto, como no acesso à localidade de Bom Jardim, em Taquari, se percebe que há camada de cerca de sete metros de arge solo vermelho, um espaço bem denso que filtra as impurezas antes de chegar ao manancial, que pode chegar a cem metros e que também pode ser interrompido, sem ter seqüência. Em toda a área de Bom Retiro do Sul, por exemplo, ele não passa de oito metros.

Promotoria
Preocupada com as repercussões que podem ter as "infiltrações" nesse reservatório natural de água, a promotora Mônica deve apresentar às cidades de sua jurisdição a necessidade de se criar uma legislação municipal que objetive prevenir a possibilidade de contaminação. "Mesmo o problema não atingindo toda a extensão do manancial, ele causa danos imensos ao local", enfatiza. O Ministério Público enviou ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), responsável pela área viária federal, ofício para que seja observada a instalação de arrimo nos pontos identificados pelos pesquisadores. Uma forma de minimizar a ocorrência de acidentes, afirma Ferreira, é a colocação de canaletas que permitam o escoamento do material que possa contaminar para uma caixa de coleta. "Seria uma solução simples e com ótimos resultados", afirma.

Outra sugestão entendida como possível pelo MP é a instalação de uma equipe, em especial às margens da BR-386, que tenha habilitação e conhecimento para fazer a retirada rápida de agentes poluidores, em caso de acidentes. "Podemos pedir a inclusão, no contrato das concessões de rodovias, da criação de um programa de atendimento para acidentes com substâncias perigosas", admite a promotora. O geólogo Ferreira destaca que para isso os investimentos seriam pequenos. "Os equipamentos seriam bomba, bóia, caminhão e um organograma, que pode ser elaborado por pessoas que conhecem o assunto", relata.

Conhecendo o aqüífero
O Aqüífero Guarani está localizado na região centro-leste da América do Sul e ocupa uma área de 1,2 milhões de quilômetros quadrados, estendendo-se pelo Brasil (840 mil quilômetros quadrados), Paraguai (58,5 mil), Uruguai (58,5 mil) e Argentina (255 mil). Sua maior ocorrência se dá em território brasileiro (dois terços da área total), abrangendo Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Esse reservatório de proporções gigantescas de água subterrânea é formado por derrames de basalto ocorridos nos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo Inferior (entre 200 e 132 milhões de anos). É constituído pelos sedimentos arenosos da formação pirambóia na base (formação Buena Vista na Argentina e Uruguai) e arenitos botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na Argentina).

(O Informativo do Vale, 29/08/2007)
 

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