Pelo menos 3.000 novos tremores abalaram a costa centro-sul peruana desde o terremoto de 15 agosto passado, que deixou mais de 500 mortos e cerca de 200.000 desabrigados, informou nesta terça-feira o Instituto Geofísico do Peru (IGP). "Até o momento, registramos cerca de 3.000 novos tremores", disse à AFP o diretor de Sismologia do IGP, Hernando Tavera, acrescentando que 90% desses movimentos não foram sentidos pela população.
"Apenas 10% dos sismos foram percebidos nas cidades de Ica, Pisco, Chincha e Cañete, as mais afetadas", completou o especialista. Tavera disse que é difícil saber quando haverá novos tremores, mas garantiu que "o número e o tamanho vão diminuir conforme o tempo passa".
Hoje, um tremor de 3,9 graus na escala Richter sacudiu Cañete, no departamento de Lima. Não causou danos materiais, mas provocou pânico na população, ainda assustada com o forte terremoto de 7,7 graus na escala Richter há duas semanas. O movimento aconteceu às 9h29 (11h29 de Brasília) e seu epicentro foi localizado a 62 km ao sudoeste de Cañete, com uma profundidade de 45 km.
Esses tremores subseqüentes mantêm os habitantes em constante angústia e com altos níveis de ansiedade. Nesta terça, o chefe do Instituto Nacional de Defesa Civil (Indeci), Luis Palomino, comentou que, nos albergues instalados em Pisco, detectou-se um número ainda não especificado de pessoas com problemas para dormir, cujo sono é interrompido aos prantos. Em seu programa de apoio às cidades afetadas, o governo iniciou o envio de psicólogos para dar suporte emocional dos desabrigados, especialmente as crianças.
O governo peruano também fez um apelo aos empresários para que antecipem seus investimentos previstos para os próximos meses, a fim de superar as dificuldades econômicas resultantes do terremoto. Para esse esforço, o presidente Alan García conclamou todos os empresários, "pequenos, médios e grandes", declarando que, se quiserem ajudar a Pátria, "é a hora de antecipar os investimentos que tinham previsto para dentro de alguns meses".
Desta maneira, será possível superar "os contratempos que qualquer terremoto provoque na economia", defendeu, insistindo que "trabalhar mais, investir mais e gerar mais emprego é a melhor maneira de responder aos desastres naturais". De acordo com o ministro da Economia, Luis Carranza, o governo criou um Fundo para a Reconstrução do Sul (Forsur) e investirá cerca de 220 milhões de dólares em obras de reconstrução de infra-estrutura básica na zona atingida pelo terremoto.
Apesar da devastação, o cálculo oficial de crescimento se mantém acima de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para 2007. Após o sismo, sua correção passou de 7,5% para 7,2%. Há cinco anos, a economia peruana vem registrando taxas de crescimento entre 5% e 7%, em um país com 50% de pobreza. Em relação ao turismo, importante fonte de receita da região centro-sul, a Câmara de Comércio avaliou que, como conseqüência do terremoto, pelo menos 20% das viagens previstas por turistas a essa área devem ser canceladas.
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AFP, 28/08/2007)