Caxias do Sul - A qualidade do ar na região é considerada adequada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), responsável pelo controle da poluição atmosférica no Rio Grande do Sul. Conforme os últimos dados, no ano passado foram registrados 33 dias com excesso de poluentes no ar da Serra. Mas esses números podem não refletir a realidade, pois o monitoramento é feito apenas por uma estação meteorológica, que funciona de forma precária.
Garantindo que o programa de monitoramento Ar do Sul é uma das prioridades da Fepam, a diretora-presidente do órgão, Ana Pellini, promete recuperar oito estações espalhadas pelo Estado (uma nona estação, implantada na rodoviária de Porto Alegre, está desativada porque os equipamentos foram furtados). A manutenção dos aparelhos, prevista para ocorrer em setembro, será bancada por uma verba estadual de R$ 300 mil. A única unidade instalada na Serra está no bairro São José, em Caxias. Dos aparelhos existentes, apenas o que verifica a presença de dióxido de enxofre, que pode causar chuva ácida, está funcionando. O que relataria a quantidade de partículas sólidas inaláveis, responsável por doenças respiratórias, está estragado há um ano e meio. Já os sensores de vento, umidade e pressão, estão com vistoria técnica vencida há pelo menos cinco anos e, portanto, seus dados não estão sendo usados.
- Não vamos deixar a situação piorar por falta de recursos, ao contrário. Nossa meta é ampliar. Tivemos um corte severo de recursos na Fepam. Mas o projeto Ar do Sul não só não sofreu cortes, como ganhou incremento - afirmou Ana Pellini.
As ampliações anunciadas pela diretora-presidente estão prometidas para 2008. Segundo ela, o órgão receberá R$ 1,3 milhão para a compra de novas estações. A verba deve vir de multas aplicadas a empresas que degradaram o meio ambiente.
- Essa política compensatória será fundamental para, a partir do ano que vem, darmos um salto muito grande na qualidade dos nossos serviços - projetou.
A Fepam se responsabiliza pelas medições pois fazia o monitoramento antes da criação, em julho de 1999, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente. Mas as dificuldades financeiras do Estado estão obrigando o órgão a buscar parcerias junto a empresas e prefeituras.
- Trabalhamos com uma montadora de automóveis, em Gravataí, que tem um equipamento sofisticadíssimo. Seria maravilhoso se uma prefeitura também ajudasse, mas sabemos que é difícil, pois o custo é alto - explicou Ana, que não soube precisar valores para compra e manutenção dos equipamentos.
No Estado, duas empresas possuem medidores de qualidade do ar, mas nenhuma fica na Serra. O secretário municipal do Meio Ambiente, Ari Dallegrave, disse que o monitoramento é atribuição do Estado e que não existe possibilidade de o município adquirir uma estação.
Principais poluentes do arPartículas totais em suspensãoSão partículas sólidas ou líquidas suspensas na forma de fuligem, fumaça, poeira. Suas principais fontes são indústrias, veículos e queimadas. Entre os seus efeitos estão o agravamento de doenças pulmonares, danos à vegetação e ao solo.
Partículas inaláveis (PI10)Partículas sólidas ou líquidas suspensas na forma de fuligem, fumaça, poeira, etc. Possuem tamanho menor que 10 micra (milésimo de milímetro). Suas fontes são indústrias e automóveis. Provocam insuficiência respiratória e morte pela deposição desses poluentes nos pulmões. Danificam a vegetação e o solo.
Dióxido de Enxofre (SO2)Gás incolor, com forte cheiro e altamente solúvel. Na presença de umidade, pode se transformar em anidrido sulfídrico (SO3) e ácido sulfídrico (H2SO4), principais componentes da chuva ácida. Suas principais fontes são a queima de carvão, de óleo combustível e os veículos movidos a diesel. Agrava doenças respiratórias e cardiovasculares, causa irritação ocular e chuva ácida.
Óxidos de Nitrogênio (NO )Podem formar outros compostos tóxicos. Provém de indústrias,carros e incinerações. Causam aumento da sensibilidade à asma e bronquite e pode provocar a chuva ácida.
Monóxido de Carbono (CO)Gás sem cheiro, cor ou sabor. Provém da queima dos combustíveis nos automóveis. Causa danos ao sistema nervoso central com perda de consciência e visão, dores de cabeça e tontura.
Ozônio (O3)Gás sem cheiro ou cor. É o principal componente de névoas urbanas conhecidas como smog. É produzido em maior escala pelo efeito da radiação solar sobre os óxidos de nitrogênio. Causa irritação dos olhos e vias pulmonares, diminuição da capacidade pulmonar e tosse. Também causa danos à vegetação podendo corroer materiais por seu poder oxidante.
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Pioneiro, 28/08/2007)