O Irã resolveu as questões da Organização das Nações Unidas a respeito dos testes com plutônio, ingrediente essencial para bombas atômicas, e a Agência Internacional de Energia Atômica, ligada à ONU, considera o assunto encerrado, segundo texto de um acordo bilateral divulgado na segunda-feira. "Isso será comunicado oficialmente pela agência ao Irã por intermédio de uma carta", explica a nota, sem especificar como o assunto foi resolvido.
Esta seria a primeira vez que um assunto sério relativo ao escopo do programa nuclear do Irã - investigado há quatro anos pela AIEA - é resolvido. O texto lista algumas outras questões que o Irã prometeu resolver até o final do ano. O Irã e a AIEA divulgaram em 21 de agosto um acordo destinado a concluir as investigações sobre o programa nuclear iraniano. Teerã espera provar seu caráter pacífico e, assim, evitar novas sanções da ONU, defendidas pelos EUA e por outros países que desconfiam de finalidades militares no programa.
Outro objetivo é que os inspetores da AIEA tenham acesso regular e efetivo às instalações subterrâneas de enriquecimento de urânio onde o Irã pretende produzir esse combustível nuclear em nível industrial.
"O Irã forneceu esclarecimentos à agência que ajudaram a explicar as questões remanescentes em 23 de julho. Além disso, em 7 de agosto o Irã enviou uma carta à agência fornecendo esclarecimentos adicionais a algumas das questões", disse o texto. A nota informa que funcionários da AIEA consideraram na semana passada que declarações anteriores do Irã eram consistentes com as descobertas dos inspetores "e que portanto esta questão está resolvida".
Governo iraniano tem até novembro para esclarecer outras questões
O texto informa ainda que o Irã se prontificou a esclarecer o desenvolvimento das centrífugas nucleares do tipo P-2, capazes de enriquecer urânio até com o triplo da velocidade da centrífuga P-1 atualmente em uso. O governo teria até novembro para concluir esse assunto. Em seguida, as duas partes tentariam resolver as dúvidas sobre a presença de traços de urânio passível de uso em bombas em uma universidade de Teerã. Outro item a ser esclarecido pelo Irã seria um documento do mercado negro, achado de posse do governo, descrevendo como transformar o metal de urânio em meias-esferas, adequadas para o uso em bombas.
Uma das últimas etapas para o Irã seria explicar seus experimentos com polônio, material que, em combinação com o berílio, pode ser usado para criar um gatilho de nêutrons para bombas atômicas. O polônio também tem aplicações civis. "Como sinal de boa-vontade e cooperação", acrescenta a nota, o Irã aceitou examinar informações do Ocidente a respeito de ligações administrativas secretas entre o processamento de urânio, os testes com explosivos potentes e o projeto de um míssil. Anteriormente, o Irã qualificava tais informações como "acusações infundadas e politicamente motivadas". Finalmente, caberia à República Islâmica explicar suas atividades na mina de urânio de Ghachine, aparentemente patrimônio dos militares do país.
(
Reuters, 27/08/2007)