A descoberta de 10 mil carpas mortas em um rio de Pequim trouxe nova dor de cabeça aos organizadores dos Jogos Olímpicos de 2008, em um momento em que o governo chinês anuncia punições mais rígidas para as empresas poluidoras. As carpas apareceram este fim de semana boiando em uma corrente de 200 metros de comprimento que deságua no chamado 'Mar da Felicidade', um lago situado próximo ao Palácio de Verão, informou nesta segunda-feira (27/08) a agência estatal Xinhua.

As autoridades iniciaram uma investigação para apurar o que teria matado os peixes. Assim como outras grandes cidades chinesas, Pequim tem graves problemas com o abastecimento de água potável, e quatro de seus 21 açudes secaram, segundo o último relatório do escritório municipal de proteção ao meio ambiente. Cerca da metade dos lagos e tanques da cidade está tão poluída que sua água não pode ser usada nem para regar plantas.

A poluição hídrica é uma das grandes preocupações do governo chinês e, para combatê-la, a China propôs uma emenda legislativa que torna mais rígidas as penas contra os poluidores dos recursos hídricos do país, que até agora pagavam apenas uma multa que poderia chegar no máximo a US$ 130 mil.

Segundo o jornal China Daily, caso a reforma seja aprovada, os infratores deverão pagar entre 20% e 30% das perdas econômicas que seus dejetos causarem. "A emenda terminará com a anomalia de alto custo para os que cumprem a lei e penas leves para os infratores", disse Zhou Shengxian, diretor da Administração Estatal de Proteção ao Meio Ambiente (Sepa), durante a apresentação do projeto.

Segundo relatório oficial divulgado hoje, dois dos principais rios do país, o Huaihe e o Liaohe, continuam poluídos, mesmo após dez anos de trabalhos de limpeza, o que coloca em risco o fornecimento de água a 200 milhões de chineses. Mais de 70% das reservas de água doce chinesas e 90% das águas subterrâneas estão contaminadas, de acordo com dados da Sepa, e mais de 20% dos 1,3 bilhão de chineses não têm acesso a água potável.

Em seu plano qüinqüenal 2006-2010, a China propôs reduzir em 10% suas principais emissões poluentes, entre elas a chamada Demanda Química de Oxigênio (DQO), que mede a poluição hídrica. No entanto, atingir a meta está cada vez mais difícil e, nos primeiros seis meses do ano, a DQO aumentou 0,24% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo um relatório da Sepa, da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento e do Escritório Nacional de Estatísticas.
(Estadão Online, 28/08/2007)