Tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei no. 529/2007 que trata da produção de biocombustível para o autoconsumo do produtor rural e de associados de cooperativas agropecuárias. O objetivo do autor do projeto - deputado federal Luis Carlos Heinze (PP-RS) - é a redução das despesas dos produtores com combustível: "Com um custo menor, poderia se gerar mais renda, empregos e ainda aumentar a produção".
O projeto original referia-se apenas ao biodiesel, mas o substitutivo ampliou a proposta os biocombustíveis em geral.
A Comissão de Minas e Energia, ao analisar o projeto, entendeu que a produção de biocombustível deve ser descentralizada e o consumo deste, flexibilizado. E que é preciso mais estímulo legal ao incentivo da produção dos biocombustíveis para consumo próprio. E não somente para o biodiesel, como ocorre hoje.
Certa ela!
A produção dos biocombustíveis, devido às vantagens socioambientais e econômicas, é essencial porque:- acelera o crescimento ao gerar renda para o produtor e reduzir o custo de produção e do preço de alimentos;
- reduz a emissão de poluentes.
Segundo a assessoria de imprensa do deputado Heinze, "como este projeto tem caráter conclusivo - não precisa ser apreciado em Plenário - será votado agora pela Comissão de Finanças e Tributação e, após, pela de Constituição de Justiça. Depois disso está finalizado o processo na Câmara e ele será enviado para o Senado. Lá também será votado por três comissões. Só então será encaminhado para sanção presidencial".
É muita burocracia! Isso inviabiliza qualquer previsão de quando este projeto - fundamental para a economia brasileira - vai se transformar em lei. Há projetos na Câmara que estão sendo analisados há mais de dez anos; outros, em menos de 12 meses foram aprovados.
Para o engenheiro mecânico Thomas Fendel estes projetos deveriam ser muito mais abrangentes. "Não se justifica restringir qualquer combustível só aos produtores. Isso é burrice! Deve-se permitir o comércio dos biocombustíveis em qualquer bodega, assim como se vende leite em qualquer mercearia. Aliás, hoje se vende leite e pão em qualquer posto de conveniência. Assim como se vende GLP, poder-se-ia vender álcool. No caso específico dos óleos vegetais, o comércio é muito mais simples, pois OV não queima e não explode à temperatura ambiente, e seu comércio em bombonas retornáveis de 20 litros seria muito eficiente e simples, eliminando os atravessadores cativos".
Se você acha que este projeto é importante, se você quer que esta lei se torne realidade, exija do deputado que você mandou pra Brasília (por força do seu voto) que ele cumpra o seu papel, que ele trabalhe pra você. Afinal, ele está lá para defender os seus direitos!!
(Por Ana Candida Echevenguá*,
Adital, 23/08/2007)
* Advogada ambientalista. Coordenadora do Programa Eco&ação