Atingidos pelo acidente com o césio-137 em Goiânia em 1987 ficaram sem receber os medicamentos fornecidos pelo governo de Goiás. Pelo menos 12 pessoas morreram após a tragédia, que completa 20 anos em setembro.
O acidente ocorreu depois que uma cápsula do material radioativo, encontrada em um prédio abandonado na capital goiana, foi aberta em um ferro-velho. Parentes e vizinhos do dono do local entraram em contato com o produto.
Segundo a Associação de Vítimas do Césio-137, o fornecimento de remédios a 157 vítimas do acidente foi praticamente cortado durante a maior parte do ano passado pelo governo do Estado.
O presidente da entidade, Odesson Alves Ferreira, diz que o repasse de medicamentos aos atingidos aumentou nos últimos meses, mas continua irregular. Segundo ele, a maior parte dos atingidos recebe apenas parte dos medicamentos que precisam ou simplesmente não recebe.
"A maioria [das vítimas] não tem condições de comprar os remédios e fica sem", diz. Os remédios mais usados são para tratamento de osteoporose, gastrite, alergias e hipertensão e podem custar até R$ 700, segundo a associação.
A Secretaria da Saúde do Estado, responsável pela entrega, confirma que houve problemas com o fornecimento de remédios às vítimas do césio-137, mas nega que o repasse tenha sido cortado. A assessoria da secretaria diz que o problema foi causado pela demora na finalização de uma licitação para contratar um fornecedor.
Segundo o governo goiano, o problema vai ser resolvido com um convênio, firmado na semana passada, com uma rede de farmácias, que passará a fornecer os medicamentos diretamente às vítimas. A secretaria gasta entre R$ 30 mil e R$ 50 mil por mês com os atingidos pelo acidente.
(Por Felipe Bächtold,
Agência Folha, 27/08/2007)