Fruto típico do Nordeste brasileiro, a cabaça, muito utilizada para o armazenamento de água, foi batizado no sul do Brasil pelo nome de porongo ou mais precisamente cuia. É dele que, há mais de dez anos, a família da gaúcha Jane Felicidade tira o seu sustento através do plantio e venda do porongo para chimarrão.
Na chácara da família, em São Pedro do Sul, no Rio Grande do Sul, onde antes o pai plantava fumo, agora reina a cabaça. A mudança na plantação rendeu à família novas perspectivas de ocupação e geração de renda. Hoje, os seis membros da família Felicidade fazem da cabaça um meio de vida.
Enquanto três deles se ocupam do plantio e colheita da matéria-prima, Jane e mais dois familiares preparam artesanalmente a cuia para ser vendida aos fãs da bebida gaúcha. Apesar do processo demorado, a produção da família chega a 2 mil peças por mês, que são vendidos a preços que vão de 1 a 10 reais.
De acordo com Jane, embora não seja sempre, o trabalho rende cerca de um salário mínimo por mês por pessoa. "Tem meses que não dá nada e a gente tem prejuízo e tem meses que passa", diz. O valor arrecadado com a venda dos produtos expostos em pontos fixos. Como o Centro de Economia Solidária e o pavilhão do Projeto Cooesperança, ao qual o grupo é associado, é divido igualmente entre os participantes.
Além da família Felicidade, vizinhos também participam da produção dos produtos em seus próprios locais de produção, já que o grupo ainda não dispõe de um espaço que abrigue todos os produtores. É na reunião realizada mensalmente que o grupo se encontra para decidir desde o preço pelo qual devem ser vendidos seus produtos até os locais onde devem ser vendidos os materiais. "O que mais vale a pena é que todo mundo se conhece, se dá bem e a gente pode confiar. A solidariedade é muito forte entre nós", ressalta Jane.
Entre os dias 25 de agosto e 2 de setembro, a família Felicidade vai expor seus produtos na ExpoInter, uma feira internacional voltada para o agronegócio, que hoje conta com um espaço significativo para a agricultura familiar realizar seu comércio. Na exposição, além das cuias para chimarrão, a Cooperarte venderá outros tipos de artesanato também feitos a partir da cabaça.
As matérias sobre Economia Solidária são produzidas com apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
(Por Naara Vale*,
Adital, 23/08/2007)
* Jornalista da Adital