“Os fluidos de usinagem, quando manejados inadequadamente, acabam atingindo o solo, o ar, a fauna, a flora e os recursos hídricos, causando sérios prejuízos ao meio ambiente.” O alerta integra o guia técnico impresso pelo Ministério do Meio Ambiente para as indústrias metalúrgicas, de fabricação de máquinas e equipamentos, automobilísticas e mecânicas em geral.
O trabalho contou com a participação de técnicos da Diretoria de Gestão de Riscos Ambientais do MMA, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e do Núcleo Tecnológico de Projetos Especiais do Centro Nacional de Tecnologias Limpas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (CNTL/Senai-RS).
A iniciativa é resultado do Programa Piloto para a Minimização dos Impactos Gerados por Resíduos Perigosos e envolveu, ainda, o Centro Coordenador da Convenção da Basiléia para América Latina e Caribe e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do sul (Simecs).
Aborda os riscos ocupacionais a que estão expostos os trabalhadores, especialmente afecções respiratórias e dermatológicas, e os riscos ambientais, face à elevada toxicidade e por não serem biodegradáveis e propõe ações de produção mais limpa na minimização da geração de fluidos esgotados.
Características
De acordo com o guia técnico, existem diversos tipos de fluidos com composições químicas diferentes, que são utilizados nas operações de usinagem de peças metálicas. Suas funções são as de lubrificação, refrigeração, lavagem e remoção dos cavacos para desobstruir a região de corte.
Segundo a engenheira química Mariza Wagner Espinoza, do Serviço de Licenciamento e Monitoramento da Indústria (Selmi) da Divisão de Controle de Poluição Industrial (Dicopi) da Fepam, ”o uso exagerado destes fluidos decorre, principalmente, do desconhecimento por parte de operadores, técnicos e responsáveis pelo processo, de métodos convenientes de aplicação e de formas de utilização. Nos últimos anos houve um aumento significativo de novos fluidos lançados no mercado, principalmente em função das novas máquinas de usinagem de altíssima velocidade que exigiram dos fabricantes fluidos com características de maior refrigeração, além da lubrificação. Surgiram então os “fluidos sintéticos”, que são extremamente agressivos ao meio ambiente, não são biodegradáveis e não são rerrefináveis, pois não possuem óleo em sua composição. Além disso, contêm elevada carga de aditivos químicos para controle de microorganismos, que os tornam ainda mais agressivos. A formulação desses fluidos sequer é conhecida, pois os fabricantes limitam-se a poucas palavras nas FISPQ – Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos”.
Ela coordenou, pela Fepam, o trabalho técnico e afirma que a disposição final dos fluidos que não podem mais ser reutilizados é um problema ainda a ser solucionado uma vez que, atualmente, existe apenas a possibilidade de tratamento por evaporação, onde os custos são altos: “A única alternativa atualmente é a minimização da geração do fluido esgotado pelo controle adequado do fluido e o guia fornece os subsídios técnicos necessários para a adoção dessas medidas”.
Encontram-se disponíveis na biblioteca da Fepam em Porto Alegre (Rua Carlos Chagas 55, térreo), gratuitamente, o Guia e o cartaz dirigidos às atividades que utilizam fluidos de usinagem, técnicos, consultores, universidades e instituições de ensino e, instituições governamentais.
(Imprensa Fepam, 27/08/2007)