(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
biocombustíveis agricultura familiar
2007-08-28
Goiânia - Em seu terceiro evento, o ciclo de debates “Agroenergia no Brasil, suas potencialidades e desafios”, ocorreu na Câmara Municipal de Goiânia (GO), no dia 20. Entre os debatedores, estavam Frei Sérgio Antônio Görgen (Via Campesina), José Carlos Miragaia - gerente de biocombustível da Petrobras -, Helena Iono ( TV Cidade Livre) e o engenheiro agrônomo Horácio Martins. A atividade - que faz parte do ciclo de debates promovido pelo Brasil de Fato e a Via Campesina, com patrocínio da Petrobras - é um esforço dos organizadores para promover o diálogo da sociedade e dos movimentos sociais com pesquisadores e a própria estatal sobre a produção de energia a partir da matriz vegetal. Já foram realizados encontros em Cascavel (PR) e em Belo Horizonte (MG).

Desta vez, em Goiância, duas linhas principais reincidiam na fala dos debatedores. Os pequenos agricultores como protagonistas de uma nova era na produção de agrocombustíveis; e os riscos da voracidade do capital internacional sobre as terras agricultáveis para o agrocombustível no mundo. “O Brasil e o mundo vivem um momento histórico”, afirmou Frei Sérgio. Segundo ele, inúmeros produtos que fazem parte do padrão de consumo do ser humano advém da indústria petroquímica, por isso, é necessário haver uma transformação no padrão de consumo.

Em relação aos agrocombustíveis, o representante da Via Campesina aponta sete pontos para nortear a lógica camponesa de produção de energia: a sinergia produtiva, com as áreas alimentar, ambiental e energética sendo complementares; a produção baseada em policultivos; o uso de sistemas agroflorestais; a produção agroecológica; a descentralização industrial; a construção de uma soberania alimentar e energética; e a organização de sistemas cooperativados de produção, transporte e distribuição.

O medo de que a produção de alimentos seja prejudicada frente ao avanço dos agrocombustíveis não é particularidade dos brasileiros. O próprio diretor-geral das Organizações das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o senegalense Jacques Diouf, afirmou recentemente que o risco maior do aumento da demanda por agrocombustíveis é a fome crescer ainda mais na África e os países subdesenvolvidos terem que comprar alimentos a preços elevados da Europa e dos Estados Unidos.

Para evitar essa situação, Frei Sérgio aposta no equilíbrio entre a soberania alimentar e energética por meio da luta de classes no campo. “Para implantar projetos diferenciados na produção de energia, a luta de classes se transfere também para esse terreno. A lógica da produção de agroenergia deve colocar o alimento em primeiro lugar. A produção de energia deve ser vista como um complemento na renda das famílias”, defende o representante da Via Campesina, que admite que os movimentos sociais ligados ao campo ainda encontram dificuldades organizativas em processos coletivos mais complexos.

“Combustível social”
O gerente de biocombustível da Petrobras, José Carlos Miragaia, reforça a posição de Frei Sérgio quanto à participação dos pequenos agricultores para a produção de agrocombustível. Ele explicou que o programa estatal para o biodiesel está focado em parcerias com a agricultura familiar e cooperativas voltadas para os policultivos. “O custo de produção do barril o álcool custava , há 25 anos, R$ 90. Hoje, custa apenas R$ 30”, lembra o gerente da Petrobras acerca da atual possibilidade de mesmo os pequenos agricultores produzirem cana-de-açúcar.

Ele afirma que todas as plantas da estatal terão o selo do “combustível social”. “Significa que haverá percentual oriundo da agricultura familiar garantido. Toda a produção da Petrobras vai ter o selo combustível social. Mas nada impede de só ter a produção originada da agricultura familiar. Isso é bom para a Petrobras porque ela pode ter a isenção de todos os tributos. O objetivo é descentralizar a produção de oleaginosas. Não é uma tarefa muito fácil porque no Nordeste, por exemplo, não existem cooperativas formadas para suprir a demanda”, explica.

Para Frei Sérgio, o mais importante é conseguir integrar os sistemas de geração de energia e de produção. Ele aponta que as cooperativas agrícolas podem “autoconsumir” a energia produzida. "É possível fazer álcool de cana, de mandioca e de batata-doce praticamente com os mesmos equipamentos, e que os resíduos da mandioca, da batata-doce e da cana, podem ser usados para a alimentação animal. Pode-se criar o gado, produzir leite e produzir carne. Uma coisa não anula a outra", afirma o representante da Via Campesina. Segundo ele, em Santa Cruz do Sul (RS), por exemplo, está sendo implantada uma indústria de óleo vegetal, de álcool combustível e de álcool farmacêutico. Haverá produção de leite, de adubo orgânico e um engenho de arroz. Frei Sérgio acredita que a produção de energia pode tornar mais fácil a utilização de sistemas agroecológicos.

Microusinas
O representante da Via Campesina comparou a viabilidade dos projetos de microusinas com os megaempreendimentos no setor. Segundo Frei Sérgio, há um plano de setores ligados à União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) para a construção de 210 novas grandes usinas em dez anos. Seriam somados 20 bilhões de litros até 2017 e custaria R$ 80 bilhões de investimento. A produção passaria de R$ 17 bilhões de litros para R$ 37 bilhões de litros.

“Se fossem construídas 150 mil microusinas, com 5 mil centrais retificadoras, envolveriam 1,5 milhão de famílias camponesas e seriam produzidos 22 bilhões de litros de álcool por ano, com R$ 25 bilhões de investimento nos mesmos 10 anos”, compara Frei Sérgio.

Acompanhando o debate da platéia estava Frei Paulo Cantanhede, Maranhense, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de Goiás. Para ele, a questão está aberta. “Os movimentos sociais estão construindo uma posição a respeito. É pensar a questão da soberania energética do ponto de vista da inclusão do trabalhador do campo. Mas o governo quer abrir o capital internacional. Por isso, temos que agir rápido”, conclui Frei Paulo.

(Por Eduardo Sales de Lima, Brasil de Fato / Envolverde, 27/08/2007)

desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -