Apesar de possuir resultados positivos comprovados, a produção de algodão geneticamente modificado ainda vem causando polêmica no país. De um lado, o interesse dos produtores que apostam nas variações transgênicas; de outro, ambientalistas nacionais levantam uma série de hipóteses quanto aos possíveis impactos ao meio ambiente. Mesmo havendo controvérsias de opiniões, na safra 2006/2007 a Bahia ocupou o segundo lugar entre os que mais plantaram algodão transgênico, o que significa 10% dos 278 mil hectares cultivados na região.
Visando ampliar esse debate, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) reuniu, na semana passada, na Comissão de Agricultura da Câmara Federal (em Brasília), cerca de 500 cotonicultores numa audiência pública para discutir a liberação comercial de mais quatro variedades de algodão modificado geneticamente, encaminhados por três grandes empresas (Bayer Cropscience, Dow Agroscience e Monsanto). Duas delas se referem a variedades tolerantes a diferentes herbicidas (Bayer e Monsanto) e outras duas variedades resistentes a insetos (Dow e Monsanto).
De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, que também esteve presente no encontro, não é possível que o Brasil, que tem o algodão de maior qualidade do mundo, continue relegado ao atraso tecnológico. “Um pequeno produtor que costumava plantar 40 arrobas por hectares do algodão convencional, na última safra atingiu 150 arrobas por hectares com o transgênico”, conta, informando que esta afirmação foi dita na audiência pública por um pequeno produtor de algodão de Minas Gerais.
Jacobsen garante que o algodão geneticamente modificado é muito mais benéfico do que o convencional, pois além de ser mais econômico, não causa nenhum dano à natureza. Ele acredita que, se as novas variações forem aprovadas, os cotonicultores brasileiros terão uma redução significativa nos custos da produção, retornando assim ao lucro, já que há três anos vêm sofrendo prejuízo devido a queda do dólar. “Temos uma grande chance de resultado positivo porque não há nada que comprove que o algodão transgênico traga problemas para a sociedade e para o ecossistema”, ressalta.
Atualmente, no Brasil só é permitido a utilização de um tipo de algodão transgênico, o Bt Bollgard, da Monsanto, que é resistente a insetos. O presidente da Abrapa estima ainda que, na próxima safra (2007/2008), a produção de algodão transgênico chegue a atingir 40% da plantação total do estado. “A expectativa é grande, mas vai depender muito da oferta de sementes”, pontua Jacobsen, que entregou um abaixo-assinado em favor dos transgênicos firmado por 725 produtores rurais ao presidente da CTNBio, Walter Colli. Ele acredita que, se houver a liberação comercial dessas novas quatro variedades, os produtores terão uma economia de UU$150 por hectare.
(Por Graciela Alvarez,
Correio da Bahia, 26/08/2007)