O destino final do lixo e dos resíduos sólidos é uma preocupação das prefeituras em todo o país. A lei federal 11.445, em vigor desde fevereiro e que regulamenta o saneamento nacional, obriga as administrações municipais a tratarem o lixo doméstico e industrial. E uma iniciativa bem-sucedida, desenvolvida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pode ser adotada pelas cidades de menor porte. Trata-se do uso da pirólise para a redução dos resíduos de origem orgânica.
Com o método da pirólise acontece a carbonização do material, seja ele doméstico, agrícola, industrial ou hospitalar, de maneira controlada. O resultado final é um elemento parecido com o carvão. Esse material é enterrado e não oferece nenhum mal ao ambiente, já que também é inerte, do ponto de vista biológico. De acordo com o autor do estudo, o professor do Departamento de Engenharia Sanitária Ambiental da UFMG, Gilberto Caldeira Bandeira Mello, a pirólise é uma alternativa economicamente viável, apresenta custo competitivo e, ainda, reduz o volume total de resíduos em até 80%. É, segundo ele, uma tecnologia aceita pela Organização das Nações Unidas (ONU), como forma de proteção do clima por não produzir gases poluidores.
No momento, para a realização dos estudos está sendo utilizado um reator em escala semi-industrial. A iniciativa é uma parceria entre a universidade, o Sebrae, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e Engenho 9, empresa de engenharia ambiental. Ainda conforme o professor Gilberto, testes comprovaram a eficácia do procedimento na eliminação de resíduos de curtumes, ricos em cromo, um metal altamente tóxico, e, agora, a instituição busca novos colaboradores para implantar o projeto piloto, já que a intenção é, futuramente, usar a pirólise para a eliminação do lixo urbano em comunidades de pequeno e médio porte.
O trabalho será apresentado durante 24º Congresso de Engenharia Sanitária e Ambiental, que será realizado entre os dias 2 e 7 de setembro, no Expominas, em Belo Horizonte. Os estudos sobre os resíduos sólidos têm-se mostrado um novo campo a ser explorado por pesquisadores e estudantes. Prova disso, é o número recorde de 337 projetos selecionados para congresso. Esse dado representa as diversas contribuições para a destinação final e limpa de materiais perigosos, sem comprometimento para o meio ambiente.
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O Tempo, 27/08/2007)