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2007-08-27
Aconteceu sem aviso. Uma súbita rajada de vento arrancou a ponta de uma lâmina do rotor, com um forte estrondo. O pesado fragmento de 10 metros de comprimento saiu girando pelo ar e caiu em um gramado a cerca de 200 metros. A turbina eólica, que tem cerca de 100 metros de altura, passou por esse incidente no começo de 2006, na região de Oldenburg, norte da Alemanha, e as conseqüências do evento agora estão se tornando aparentes. Assustadas com o acidente, as autoridades locais de construção ordenaram que outras seis turbinas do mesmo modelo fossem examinadas.

Os resultados, que foram divulgados algumas semanas atrás, alarmaram o administrador distrital Frank Eger. Ele imediatamente alertou o governo estadual da Baixa Saxônia, informando que suspendera a operação de quatro turbinas devido a riscos de segurança. Foi o segundo incidente em seu distrito, informou, acrescentando que turbinas desse tipo poderiam representar ameaça em todo o país. A avaliação dos especialistas havia localizado possíveis defeitos de produção e irregularidades.

Incidentes, defeitos e acidentes
Depois do boom do setor nos últimos anos, os fornecedores de equipamento para energia eólica e os especialistas estão preocupados. Os aparelhos podem não ser tão duráveis e confiáveis quanto alegam os fabricantes. De fato, houve milhares de incidentes, defeitos e acidentes com turbinas eólicas nos últimos anos, e as dificuldades parecem estar em alta. Engrenagens montadas no interior de caixas instaladas no topo de mastros elevados não costumam ter longa durabilidade, e muitas vezes se desgastam em menos de cinco anos. Em alguns casos, surgem fraturas metálicas nos rotores ou até mesmo nas fundações, mesmo que as turbinas sejam novas. Curto-circuitos ou superaquecimento foram causa de incêndios. E tudo isso a despeito de promessas dos fabricantes de que as turbinas durariam pelo menos 20 anos.

O número de engrenagens que tiveram de ser substituídas já é "enorme", informou a Associação das Seguradoras Alemãs. "Além dos geradores e engrenagens, as lâminas dos rotores também apresentam defeitos freqüentes", afirma um relatório sobre os problemas técnicos das turbinas eólicas. As seguradoras se queixam de problemas que variam dos causados por armazenagem imprópria a perigosas rachaduras e fraturas.

As frágeis turbinas que saem das linhas de montagem de alguns fabricantes ameaçam danificar um setor que há anos vem recebendo elogios como imenso sucesso. Ainda no final de julho, a Associação Alemã de Energia Eólica (BWE) se vangloriava de que suas empresas haviam batido novos recordes. O setor de energia eólica se expandiu em sólidos 40% em 2006, de acordo com a associação, e hoje emprega 74 mil pessoas.

Além disso, a Alemanha é o líder mundial da energia eólica. Mais de 19 mil turbinas eólicas estão em operação no país - número superior ao de qualquer outra nação. A energia ecológica se tornou motivo de orgulho para os alemães, nos últimos anos, e Sigmar Gabriel, ministro do Meio Ambiente, gostaria de promover a construção de vastos conjuntos de turbinas eólicas ao longo das costas do país nos mares Báltico e do Norte.

Subsídios generosos do governo transformaram o setor de energia eólica em prazo de poucos anos. Porque os fornecedores de energia têm de adquirir energia eólica a preços fixos, todo mundo quer entrar na jogada, aparentemente. Mas é exatamente o sucesso prodigioso do setor que causa suas falhas tecnológicas. "Muitas empresas venderam unidades demais", queixa-se o engenheiro Manfred Perkun, até recentemente analista de seguros na R+V Insurance. "Isso não deixa tempo suficiente para teste de protótipos".

O especialista em energia eólica Martin Stöckl conhece bem o problema. Ele percorre 80 mil quilômetros por ano na Alemanha, mas raramente consegue ajudar os produtores de energia eólica. Não só a espera pela entrega de rotores é longa, devido à imensa demanda mundial, mas peças de reposição são raríssimas. "Muitas vezes é preciso esperar 18 meses por um novo suporte de rotor, o que significa que a turbina fica inativa por todo esse tempo", diz Stöckl.

Uma recente reportagem de capa sobre o setor, na revista especializada Erneuerbare Energien, ostentava a manchete: "Sucesso de vendas, fracasso de serviço". A reportagem fala dos resultados desastrosos de um questionário distribuído pela BWE entre os usuários. Quando lhes pediram que classificassem os fabricantes, só o grupo alemão Enercon foi considerado "bom". A empresa produz turbinas eólicas sem engrenagens, o que elimina um dos pontos fracos da cadeia.

Até mesmo entre as seguradoras, que correram para o novo mercado nos anos 90, a energia eólica é vista como mercado de risco. A Allianz, gigante do setor, teve de pagar mil pedidos de indenização em 2006. Jan Pohl, funcionário da Allianz em Munique, calculou que "o operador deve esperar dano a cada quatro anos, e isso sem incluir defeitos passageiros ou colapsos de sistema não cobertos por seguros".

Muitas seguradoras aprenderam suas lições e agora incluem exigências de manutenção em suas apólices, determinando que os produtores substituam componentes vulneráveis, como as engrenagens, a cada cinco anos. Mas a substituição das engrenagens pode ter custo equivalente a 10% da construção inicial e reduzir substancialmente os lucros esperados. De fato, muitos investidores tiveram surpresas desagradáveis. "Entre três mil e quatro mil produtores mais antigos precisam renovar suas apólices de seguro", diz Holger Martsfeld, diretor técnico da Gothaer, maior segurador do setor alemão de energia eólica. "E sabemos que muitas de suas turbinas têm defeitos".
(Por Simone Kaiser e Michael Fröhlingsdorf, Der Spiegel, Tradução de Paulo Eduardo Migliacci, 26/08/2007)




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