O incêndio que consumiu mais de 10 mil hectares do Parque Nacional de Brasília, conhecido como Parque Água Mineral, além de matar animais e destruir o cerrado, irá aumentar os custos do tratamento da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), avalia o diretor do parque, Darlan Pádua. Cada hectare equivale aproximadamente a um campo de futebol.
"A Caesb, em vez de gastar alguns milhões por mês no tratamento dessa água, pode de repente dobrar isso. É um desperdício, um absurdo, porque a fuligem cai dentro da represa, alimenta algas e a Caesb vai ter que dispender muito mais recursos. Poderiam estar sendo deslocados para a educação, para a saúde, mas vai para tratamento de água porque alguém fez alguma coisa errada", reclama, em entrevista à Rádio Nacional AM.
Pádua explica que cerca de 30% do parque foi queimado. O percentual corresponderia a 50% se o parque não tivesse aumentado de tamanho recentemente. "No começo do ano passado, mais precisamente em março, foi homologada, sancionada uma lei pela Presidência da República que retirou do Parque Nacional uma pequena fatia onde se situa hoje a Granja do Torto, onde está o Parque de Exposições. Mas em compensação a mesma lei criou do outro lado da estrada, passando pelo município de Brazlândia pelo lado de Padre Bernardo e até Goiás, e acrescentou mais uns 12 mil hectares. Então o parque hoje tem 42 mil hectares, quase 43 mil".
O diretor disse que entre 10 e 15 mil hectares estão comprometidos. O parque, normalmente aberto para visitação e uso das piscinas de água corrente, está fechado. Os servidores do parque estiveram todos envolvidos no combate ao fogo. "Está todo mundo com estresse físico muito grande, tem muita gente que passou essas três noites dormindo três horas por noite", diz Pádua.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), podem ser encontrados alguns grandes mamíferos já ameaçados de extinção no parque, como o veado campeiro, o lobo-guará, o tamanduá bandeira, o tatu canastra. Muitos desses animais, com certeza, morreram no incêndio, afirma o diretor do parque.
"Eu espero que, se houver culpados, os criminosos sejam localizados e extremamente punidos. Mês de agosto e setembro deveria ser proibido acender fósforo e isqueiro, acho que as pessoas deveriam até parar de fumar em agosto e setembro", exagera Pádua. "Porque são os meses críticos, muito perigosos e eu não falo só pelo Parque Nacional, mas pela natureza. Nós temos que cuidar desse planetinha azul, porque senão nós vamos nos enterrar na superfície dele".
(Por André Deak, Agência Brasil, 26/8/2007)