Tipo de trabalho: Dissertação de Mestrado
Instituição: Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Feagri/Unicamp-SP)
Ano: 2006
Autora: Karla Andrea Oliveira de Lima
Resumo:
Fenômenos climáticos de dimensões sem precedentes registrados nos últimos anos fizeram aumentar as preocupações na sociedade, pois estão de acordo com as projeções dos cientistas, segundo os quais qualquer mudança quanto ao clima médio afetará inevitavelmente a freqüência de acontecimentos climáticos extremos tais como ondas de calor e chuvas intensas. De acordo com o Glossário de Meteorologia (AMS, 1989), onda de calor é um período de calor desconfortável anormal, geralmente acompanhado de alta umidade relativa com duração de pelo menos um dia, mas convencionalmente se estendendo por alguns dias ou mesmo semanas. Por outro lado, o estresse térmico é considerado como um dos fatores que mais influencia negativamente a produção animal, causando grandes perdas nos processos produtivos e reprodutivos. As altas temperaturas ambientais associadas à alta umidade relativa quase sempre levam a um desconforto térmico que induz negativamente as respostas metabólicas e fisiológicas. O Estado de São Paulo é o segundo maior produtor de leite do Brasil sendo que a maior parte do seu rebanho está mantida em confinamento do tipo freestall. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo geral estimar as perdas da produção leiteira, em função da ocorrência de ondas de calor, na bacia leiteira do Estado de São Paulo, baseado no Índice de Temperatura e Umidade (ITU) médio. Para tanto foi determinada a freqüência de ocorrências de ITU acima do nível crítico. Foi elaborado um histórico de ocorrência de onda de calor no Estado de São Paulo baseado em dados climatológicos num intervalo de anos variando de dois a dez anos. Também se quantificou as perdas médias estimadas de produção de leite nas principais regiões leiteiras durante os períodos identificados de onda de calor e por fim validaram-se os índices médios estimados de perdas na produção de leite com dados do controle leiteiro de uma fazenda comercial. Os resultados mostraram que os municípios da bacia leiteira do Vale do Paraíba e a cidade de Presidente Prudente foram os que apresentaram o maior número de ondas de calor por ano e que nem sempre as ondas de calor de maior duração apresentaram maior intensidade de ocorrência. Ao simular o Declínio na Produção Leiteira (DPL) das Bacias do Vale do Paraíba, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto não foram encontradas diferenças bioclimáticas entre as mesmas. Observou-se que o DPL estimado superestimou as perdas produtivas efetivamente ocorridas pois não considerou o efeito da adaptação dos animais ao calor nem a presença de equipamentos de climatização. Concluiu-se que o estudo da ocorrência de ondas de calor mostra de forma mais efetiva o efeito nocivo do ambiente térmico.