O incêndio que consumiu mais de 10 mil hectares do Parque Nacional de Brasília, conhecido como Parque Água Mineral, além de matar animais e destruir o cerrado, irá aumentar os custos do tratamento da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), avalia o diretor do parque, Darlan Pádua. Cada hectare equivale aproximadamente a um campo de futebol.
- A Caesb, em vez de gastar alguns milhões por mês no tratamento dessa água, pode de repente dobrar isso. É um desperdício, um absurdo, porque a fuligem cai dentro da represa, alimenta algas e a Caesb vai ter que dispender muito mais recursos. Poderiam estar sendo deslocados para a educação, para a saúde, mas vai para tratamento de água porque alguém fez alguma coisa errada - reclamou, em entrevista à Rádio Nacional AM.
O parque, normalmente aberto para visitação e uso das piscinas de água corrente, está fechado. Os servidores do parque estiveram todos envolvidos no combate ao fogo. O diretor disse que entre 10 e 15 mil hectares estão comprometidos. O percentual corresponderia a 50% se o parque não tivesse aumentado de tamanho recentemente.
- No começo do ano passado, mais precisamente em março, foi homologada, sancionada uma lei pela Presidência da República que retirou do Parque Nacional uma pequena fatia onde se situa hoje a Granja do Torto, onde está o Parque de Exposições. Mas em compensação, a mesma lei criou do outro lado da estrada, passando pelo município de Brazlândia pelo lado de Padre Bernardo e até Goiás, e acrescentou mais uns 12 mil hectares. Então o parque hoje tem 42 mil hectares, quase 43 mil - disse.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), podem ser encontrados alguns grandes mamíferos já ameaçados de extinção no parque, como o veado campeiro, o Lobo-guará, o Tamanduá bandeira, o Tatu canastra. Muitos desses animais, com certeza, morreram no incêndio, afirma o diretor do parque.
- Eu espero que, se houver culpados, os criminosos sejam localizados e extremamente punidos. Mês de agosto e setembro deveria ser proibido acender fósforo e isqueiro, acho que as pessoas deveriam até parar de fumar em agosto e setembro - exagerou Pádua.
(Agência Brasil, 26/08/2007)