Um em cada dois incêndios em unidades de conservação no país é criminoso. É o que mostra levantamento feito pela Folha com base nos dados do Ibama. De 1979 -quando o monitoramento teve início- até 2006, dos 1.885 incêndios com causas conhecidas, 1.009 foram provocados por atitudes criminosas. Queimadas para limpeza de áreas agrícolas e de pastagens e atos de incendiários são apontadas pelo órgão como as principais causas.
Dois dos maiores incêndios da semana passada refletem os dados. Segundo o Ibama, no Parque Nacional de Brasília (DF), um criador de gado provocou a devastação de cerca de 35% da área. Já no Parque Nacional da Serra do Cipó (MG), onde 15% da vegetação queimou, um motoqueiro ateou o fogo sem motivo aparente.
"Isso é resultado do uso indiscriminado do fogo no país", afirma o coordenador nacional do Prevfogo (Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais), Elmo Monteiro.
Os dois parques estão na lista das cinco unidades mais afetadas pelo fogo. Foram registrados 191 focos na Serra do Cipó e 217 no parque de Brasília, de 1979 a 2006. O campeão é o Parque Nacional da Chapada Diamantina (BA), com 358 casos. "Lá, há atividade clandestina de mineração. Por isso, há uso do fogo para a limpeza da área", diz Monteiro. A Floresta Nacional de Ipanema (RJ) teve 192 incêndios.
(Por Thiago Reis, Agência Folha, 26/08/2007)