Para especialistas faltam estudos sobre o significado de "poluição visual"
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2007-08-27
Qualquer regulamentação da publicidade externa levanta questões subjetivas e, portanto, complexas. Uma delas diz respeito ao significado de "poluição visual". A professora Heliana Comin Vargas, doutora e livre-docente da Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo (FAU/USP), explica que este tipo de poluição pode ser entendido como "o limite a partir do qual, o meio não consegue mais digerir os elementos causadores das transformações em curso, e acaba por perder as características naturais que lhe deram origem. No caso, o meio é a visão, os elementos causadores são as imagens, e as características iniciais, seriam a capacidade do meio de transmitir mensagens". De acordo com ela e com a pesquisadora Camila Faccioni Vargas, também da FAU/USP, faltam trabalhos que apontem o quanto as imagens causam poluição visual. "É uma questão subjetiva, depende de cada um – se a pessoa trabalha na cidade, se é um turista, ou um morador, as leituras serão diferentes", pondera.
Para a professora, a Lei Cidade Limpa "é um exagero" porque, de certa forma, contribui para desorientar as pessoas em determinados pontos da cidade onde a propaganda de rua funcionava como referência de localização de serviços, por exemplo. "Em algumas áreas, a lei teve efeito contrário à vitalidade e ao dinamismo típicos da cidade", critica. "Certamente há outros interesses por trás da lei, pois ao restringir a publicidade de rua ao mobiliário urbano – bancas de jornais, lixeiras, pontos de ônibus, relógios – cria-se um monopólio da comunicação urbana", afirma Heliana. De acordo com ela, na Europa há um setor que comanda o que e onde será veiculado, "esses aspectos mais amplos não estão sendo discutidos". Por isto, acredita, "cada cidade deveria ter uma intervenção diferenciada, e isso não foi detalhadamente estudado".
(Por Cláudia Viegas, AmbienteJÁ, 27/08/2007)