A flotação do Rio Pinheiros, na zona sul de São Paulo, mobiliza a comunidade científica brasileira e poderá virar referência mundial. A técnica de limpeza de águas poluídas nunca foi usada em grande escala. Além disso, nunca foi feito um raio X tão completo dos principais corpos d´água da capital quanto agora. A flotação consiste em injetar polímeros que flutuam na água e nos quais a sujeira adere.
Ontem (24), começaram a ser colhidas as amostras de água em 16 pontos do Pinheiros, do Tietê e das represas Billings e Guarapiranga. Segundo a professora de Engenharia Ambiental da Escola Politécnica da USP, Mônica Porto, que acompanha a experiência, serão feitos 195 exames diferentes, alguns provavelmente fora do País.
A flotação começa no fim do mês. Porém, segundo acordo firmado entre o governo e o Ministério Público Estadual, que permitiu a experiência, é preciso verificar a poluição da água antes, durante e depois da experiência, que irá durar seis meses. Há dez anos, a flotação é impedida na Justiça. Entre as principais críticas, está a de que o processo apenas limpa a água e não a torna potável e de que não há como de retirar substâncias como pesticidas. Como o Pinheiros é bombeado para a Billings, essa água acabará no copo de muitos moradores da Grande São Paulo. "A carga de poluição do rio é muito elevada. Ainda não se sabe da eficiência da flotação para um caso assim", explica Mônica.
(Estadao, 25/08/2007)