O primeiro-ministro da Grécia, Kostas Karamanlis, decretou hoje estado de emergência em todo o país por causa dos incêndios florestais mais devastadores dos últimos tempos, que já deixaram 46 mortos no país.
Desde sexta-feira, os incêndios proliferaram na Península do Peloponeso, na Grécia central e no nordeste do país. Focos foram registrados nos arredores da região da Ática, na capital e em Preveza (noroeste).
A ilha de Eubéia, 200 quilômetros ao norte de Atenas, foi devastada por vários focos de incêndio, que obrigaram moradores e turistas a abandonarem casas e hotéis e a fugirem em direção às praias. As regiões mais afetadas no Peloponeso foram as prefeituras de Messínia, Élida, Arcádia e Lacônia.
Segundo o porta-voz dos bombeiros de Atenas, Nikos Diamantis, o número de mortos no Peloponeso chegou a 46 no fim da tarde. Pouco antes do pôr do sol, as buscas foram interrompidas e serão retomadas quando amanhecer. Deste total, 36 morreram na Élida, seis em Areópolis (na Lacônia), e quatro em Megalópolis (na Arcádia).
A Secretaria de Defesa Civil advertiu que, no domingo, os ventos ficarão mais fortes e praticamente todo o país estará sob "alto risco" de incêndios. Karamanlis, por meio da emissora de televisão nacional, declarou toda a Grécia em "estado de emergência", com o objetivo de oferecer ajuda imediata às regiões afetadas pelas chamas e às pessoas afetadas, e qualificou os incêndios de "tragédia nacional sem precedentes".
O primeiro-ministro grego decretou luto nacional de três dias, contados a partir de domingo, e expressou "profundo pesar pelos mortos" e pedir aos cidadãos que se mobilizem para "proteger a pátria", citando especificamente "o caso da mãe que morreu carbonizada com os quatro filhos pequenos tentando escapar das chamas".
A família ficou envolvida em um acidente de trânsito em uma estrada rural perto de Artemisa, na Élida, na quinta-feira e morreu quando fugia do veículo destruído para procurar abrigo na floresta.
Com o "estado de emergência", todos os serviços do país são colocados à disposição do Governo, incluindo os meios privados, em caso de urgência. O primeiro-ministro anunciou a aprovação de ajuda em dinheiro para os desabrigados e remuneração extra para os bombeiros. Também será criado um fundo de ajuda para situações de emergência com uma contribuição inicial de 5 milhões.
Karamanlis reconheceu que grande parte dos incêndios pode ter sido criminosa e ordenou que os serviços secretos investiguem as causas.
O primeiro-ministro, em sua mensagem à nação, disse que "não é mera coincidência que haja tantos focos em diferentes pontos" e prometeu que "o Estado fará de tudo para encontrar e punir" os culpados. "Ninguém tem o direito de tirar vidas humanas, danificar o meio ambiente, envenenar a alma dos gregos e destruir nossa pátria, que pertence a todos. Temos o dever de protegê-la com nosso sacrifício", acrescentou.
A emissora de televisão privada "Alpha" anunciou uma recompensa de 1,5 milhão "por qualquer informação que leve à descoberta e detenção dos incendiários".
O primeiro-ministro se comprometeu a reflorestar todas as áreas queimadas para evitar que sejam feitas construções na terra carbonizada e anunciou que o Estado controlará com fotos aéreas e por satélite o plantio de árvores.
Pela quarta vez em dois meses, Atenas pediu ajuda à Comissão Européia (CE) para combater o fogo. Alguns países europeus responderam ao apelo enviando aviões, helicópteros e bombeiros. As Brigadas do Exército se transferiram para o Peloponeso com lonas e cobertores para oferecer abrigo aos moradores que ficaram desabrigados.
O principal adversário político do conservador Karamanlis nas eleições gerais antecipadas de 16 de setembro, o líder dos socialistas do Pasok, Giorgos Papandreou, pediu ajuda aos desabrigados no Peloponeso.
Além disso, solicitou uma reunião do Conselho Nacional com a participação de todos os líderes de partidos parlamentares para discutir os incêndios. Desde julho, a Grécia já sofreu 3 mil incêndios florestais, com 100 mil hectares de terra e florestas queimados. Até quinta-feira, as chamas haviam matado 10 pessoas, às quais agora se somam os 46 mortos do Peloponeso.
(Por Adriana Flores Bórquez Atenas, EFE, 25/08/2007)