Em pelo menos 12 estados e no Distrito Federal, a umidade relativa do ar tem se mantido abaixo dos 20% durante quase todo o inverno. O índice é considerado preocupante pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os moradores da Região Centro-Oeste são os que mais sofrem com o inverno quente e seco.
Nas escolas de Cuiabá, em vez de educação física, os alunos estão fazendo aulas de xadrez e damas. As quadras estão fechadas com cadeados. “Se você for lá agora, é impossível você colocar o pé na quadra”, disse um funcionário da escola. Para agüentar o calor, só muita água. “A gente corre um pouco e fica sem ar”, lamentou um aluno.
Em Campo Grande, o serviço mais procurado nos postos de saúde é a nebulização. A maioria dos pacientes sofre com bronquites, alergias e tosse. Aos 78 anos, a aposentada Maria Oliveira Martins passa o dia na unidade. “A gente trabalhava tranqüilo na roça. Ninguém sentia fatiga demais por causa do sol. Agora, a gente tem que ficar dentro de casa, porque não agüenta, fica sufocado”, contou.
Temperatura em elevação
A sensação da aposentada é fato para os pesquisadores. O Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) analisou as temperaturas médias dos invernos brasileiros nos últimos 50 anos. “O desmatamento da Região Central do Brasil, sem dúvida, tem contribuído para o aumento da temperatura em 1ºC nos últimos 50 anos”, disse o meteorologista Marcelo Seluchi.
Desde o início deste mês, uma imensa massa de ar seco está estacionada sobre parte do Brasil. As nuvens não se formam porque, com o calor, a água evapora rapidamente. As frentes frias não conseguem entrar. Por isso, o tempo permanece abafado e seco.
(G1, 24/08/2007)