O professor do Laboratório de Ictiologia da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), João Vieira, afirmou ontem não ter previsão para a apresentação pública do laudo que está sendo elaborado sobre a causa da morte de milhares de bagres. Os peixes foram encontrados na última segunda-feira, às margens da Laguna dos Patos, em Pelotas, desde o Pontal da Barra até a Colônia de Pescadores Z-3. “Como não houve constatação de um fenômeno catastrófico, que represente algum perigo à população, o laudo não ficará pronto em breve. Mas, aparentemente, essa mortandade não é conseqüência de um crime ambiental, tanto de poluição, quanto de pesca.” A hipótese mais aceita para a mortandade ainda é o frio.
A 3ª Companhia Ambiental da Brigada Militar aguarda pelo resultado para saber de que forma agir. “Não há indícios se houve crime ambiental, por isso esperamos o laudo para direcionar a ação policial ou não”, explica o comandante da Companhia Ambiental, capitão Márcio Facin. Enquanto isso, diariamente estão sendo feitos um ou dois patrulhamentos pela orla da laguna. “O objetivo é observar o surgimento de mais peixes mortos”, comenta o sargento Zago.
O professor João Vieira acrescenta que, mesmo depois de pronto, o laudo não deverá comprovar a causa da morte. Isso porque o estado avançado de putrefação impediu que uma biópsia fosse feita nos bagres. “As amostras dos peixes recolhidos servirão apenas para um estudo das espécies atingidas. Em peixes ainda vivos poderia ser feita uma análise dos sintomas, considerada ideal para a obtenção do resultado.”
Em vista disso, o capitão Facin alerta toda a comunidade para que avise, logo que perceber a ocorrência da continuidade ou de novo fenômeno semelhante, os órgãos ambientais, que poderão acionar o campo técnico para uma investigação mais rápida.
Recolhimento e alertaA Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSU) está recolhendo da orla da laguna, todos os dias, aproximadamente 30 sacos de 10kg cada, em média, de bagres mortos. Ontem pela manhã, toda a extensão da praia do Laranjal já estava limpa. “Mas ainda continuam aparecendo alguns peixes mortos”, comenta o secretário Antônio Carlos Selister. O cheiro dos peixes em decomposição ainda é forte no Balneário dos Prazeres, que não foi limpo, bem como a Colônia de Pescadores Z-3.
Os sacos com os peixes estão sendo levados ao aterro sanitário. O recolhimento continuará sendo feito hoje e na próxima semana, nos locais que ainda faltam, para que toda a Orla fique limpa.
A 3ª Companhia Ambiental da Brigada Militar faz um alerta à comunidade sobre o perigo que os peixes representam. “É preciso tomar cuidado ao andar pela areia para não acabar machucando os pés, o esporão dos bagres pode até furar a sola, dependendo do sapato”, explica o sargento Zago. Também é recomendável cuidar para que as crianças não peguem os peixes na mão, o que poderia causar ferimentos graves.
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Diário Popular, 24/08/2007)